São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Argelino quer levar família

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O garçom M. A. prefere a vida na França à de seu país natal, a Argélia, que passa por guerra civil. "Saí de lá por causa dos problemas políticos. Aqui tenho emprego, salário e uma casa."
A exemplo de outros imigrantes ouvidos pela Folha, só concedeu entrevista sob a condição de não ser identificado nem fotografado.
Ele está na França há dois anos e meio e, com suas economias (15 mil francos, o que equivale a US$ 2.500), quer comprar um carro.
"Não tenho do que reclamar. Estou feliz aqui e quero trazer minha mãe, que ainda vive na Argélia, até o final do ano."
Mas, para alguns imigrantes, mudar de país não significa necessariamente melhorar a qualidade de vida.
"Vim para a França porque meu irmão mora aqui há seis anos, mas não encontro trabalho fixo, só temporário", disse H.A., 19, que se mudou da Tunísia há um ano.
H.A. mora em um apartamento de um dormitório na região de Belleville, em Paris, onde se concentra grande parte das comunidades estrangeiras.
"Moramos em cinco, fica meio apertado, mas, como é família, a gente se entende", disse.
Ele consegue fazer, em média, 2.600 francos por mês (cerca de US$ 400), que usa para despesas pessoais. "Eu não ajudo no aluguel nem na comida."
A língua é o principal obstáculo para chinesa Y.L. se integrar à sociedade francesa. Ela também mora em Belleville e se mudou para a França porque o marido veio trabalhar no país.
"Não aguentava a solidão depois que ele foi embora, mas aqui é pior, tenho poucos amigos", contou Y., que está no país há um ano.
Seu marido trabalha como auxiliar de cozinha em um restaurante e ganha salário "suficiente" para aluguel e comida.
Como fala mal o francês, ela diz não encontrar emprego, apesar de afirmar que tem sua situação de imigração regularizada.
O casal, que morava no sul da China, escolheu a França por acreditar que teria mais oportunidades.
(MA)

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