São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Menem ataca 'rendição' à esquerda

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

O governo do presidente Carlos Menem definiu suas estratégias para enfrentar a aliança entre as oposicionistas UCR e Frepaso: dizer que os principais partidos de oposição são contra a estabilidade, criticar o ex-presidente Raúl Alfonsín e avançar sobre os governadores da UCR descontentes com a aliança.
Menem já está executando pessoalmente os dois primeiros pontos definidos. O assédio aos governadores está sob a responsabilidade do ministro Carlos Corach (Interior), o principal operador político do presidente.
"Não vamos ficar discutindo os anos 80. Esse é um jogo que só interessa ao governo", disse à Folha o advogado Ricardo Yofre, um dos assessores políticos da UCR.
"O governo quer assustar o eleitorado dizendo que somos contra a estabilidade, o que não é verdade. Ninguém é louco de sugerir nacionalização da economia, desvalorização do peso ou rompimento com o Mercosul", opina o economista Roberto Frenkel, assessor econômico da aliança.
Províncias
Para Alfonsín, a resistência dos governadores de Catamarca, Río Negro, Chubut e Chaco é "natural", pois eles enfrentam "uma forte oposição da Frepaso" no Poder Legislativo provincial.
"Mas isso não se configura em um problema, porque depois das eleições de outubro será mais fácil concretizar a aliança para enfrentarmos a sucessão presidencial de 1999", aposta Alfonsín.
Alvo preferencial
Menem optou por personificar suas críticas no ex-presidente Raúl Alfonsín porque avalia que parte do eleitorado do partido (de centro-direita) está descontente com a aliança com a Frepaso (de esquerda).
Na última semana, ele falou que Alfonsín "não levantou a cabeça" desde 1989 e que o acordo é uma "rendição" da UCR à Frepaso. Menem e seus assessores não cansam de repetir que a UCR poderá desaparecer do cenário político argentino, caso a aliança seja derrotada em outubro.
"A UCR é eterna. Não existe a menor possibilidade de desaparecermos", disse Alfonsín à Folha, lembrando que o partido tem mais de cem anos de existência (leia texto abaixo).
"A aliança vai permanecer, mesmo se não triunfarmos nas eleições", afirmou. "Ficará um fortalecimento da sociedade argentina indicando que há outro caminho para resolver os problemas do país, que não sejam os caminhos neoliberal ou neoconservador."
(FG)

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