| São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997 |
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Contra a corrente "Nunca quis ser pai e todo mundo que me conhece sempre soube disso. Conheci uma menina há mais ou menos seis anos e tivemos um caso. Um dia, ela chegou e me disse que estava grávida. Pôxa, claro que ela quis aprontar para cima de mim. Fui muito claro com ela: "Quando nascer, vá procurar os seus direitos." Eu disse que não queria a criança e ela me respondeu que já estava no quarto mês de gravidez, e que agora não tinha mais jeito. Ela foi tão cara-de-pau que chegou a dizer que não contou antes por achar que se tratava de um mioma no útero. Santa ignorância! É sempre assim, você pode ver, toda vez que uma mulher é mãe solteira é porque ela armou em cima do cara. No meu caso, ela tirou a camisinha cheia de sêmen de dentro dela. Agora, como posso provar isso? Não tenho nada contra criança, só não tenho a menor paciência com elas. Se eu fosse ter um filho, iria educá-lo nos moldes antigos e não desse jeito liberal de hoje em dia. As crianças de hoje em dia recebem uma educação de quinto mundo, é por isso que são insuportáveis. Fui obrigado a registrar a criança e pagar pensão todos os meses, mas não quero nem ver esse menino. Ele hoje deve estar com uns cinco anos, sei lá, eu não quero nem saber. Não aceito e não tenho nem idéia de como ele é. Não adianta forçar porque ele não é uma coisa minha, não sinto que saiu de mim, entende? É como com os animais. Quando uma fêmea rejeita o filhote, ela o mata. Eu entendo, porque comigo também é assim. Não sinto nada por essa criança. Ele simplesmente não me interessa. A única vez que o vi, foi por acaso. Esbarrei nele no meio da rua, mas fiz questão de passar correndo, fingir que não sabia. Ele nem percebeu que eu era o seu pai. Ainda bem! (J.N., 45, empresário) Texto Anterior: Os pais na natureza Próximo Texto: Papel coadjuvante Índice |
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