São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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MARIANA SGARIONI

Pais são muitas vezes "dispensáveis" no reino animal. Em algumas espécies, a função paterna na criação dos filhotes é insignificante e, em outras, é inexistente, se restringindo apenas à reprodução.
Quem sonha fazer uma "produção independente" morrerá de inveja da fragata, um pássaro da família dos pelicanos que vive nas costas atlântica e pacífica. Os machos -inteiramente negros, com pescoço vermelho apenas na época da reprodução- costumam se aglomerar em apenas um local para que a fêmea possa escolher o mais belo e vistoso reprodutor. Depois do acasalamento, eles nunca mais voltam a se encontrar.
As baleias são ainda mais "radicais". As fêmeas acasalam com vários machos até engravidarem e depois cuidam sozinhas dos "bebês", porque não sabem quem é o pai de seu filhote.
"A participação efetiva do pai na criação dos filhotes só acontece, na natureza, quando o macho tem a certeza de que a cria é dele, senão o investimento não compensa", diz o bioantropólogo Walter Neves, da USP.
Essa certeza, o macho só pode ter quando a relação com a fêmea é monogâmica, o que é raríssimo no reino animal. "Quando a relação é monogâmica, o comportamento muda totalmente", explica Neves.
As rolinhas -pássaros que têm areia no estômago para ajudar a triturar os alimentos- são uma dessas exceções de "mulheres românticas" da Natureza. O macho corteja a fêmea até o dia do acasalamento. Quando ela engravida, os dois constroem juntos o ninho, e o pai ajuda a criar os filhotes até que fiquem grandes e independentes.

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