São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Ex-cangaceira lança livro

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-cangaceira Ilda Ribeiro de Souza, 73, conhecida como Sila, aproveita o "revival" do movimento nas obras de ficção para lançar o livro "Angico, Eu Sobrevivi", pela editora Oficina Cultural.
Sila diz ter participado do bando de Lampião e escapado do cerco que matou o rei do cangaço, em 1938. "Naquela emboscada, 11 dos nossos foram mortos. Na época, eu tinha 16 anos e consegui fugir com os outros. Éramos uns 30 ou 40."
Sila conta que Lampião batizou um de seus filhos. "Meu marido era um dos homens de confiança dele", afirma a ex-cangaceira, que lançou em 1995 o livro "Sila - Memórias de Guerra e Paz". "O último trabalho está mais completo, tem mais detalhes", destaca.
Segundo ela, o líder dos cangaceiros era um homem calmo, honesto e leal. "Sei que Lampião pintou e bordou no sertão. Mas, no período em que nós convivemos com ele, nunca vi nada excepcional. Ele inspirava muito respeito."
Sila afirma ter aprendido muito no cangaço. "Foi uma lição de vida. Aprendi a sofrer, a respeitar o próximo, a conviver com os outros, a amar e também a odiar."
As produções que abordam o cangaço nas telas ou no vídeo não lhe interessam. "Não tenho vontade de ver. Há muita distorção", comenta. Sila diz ter sido procurada pela Manchete para contribuir com a autenticidade do cangaço retratado em "Mandacaru". "Eles querem que eu dê depoimento. Mas eu disse que, se não me pagarem, não faço."
(EG)

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