São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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Figura mítica

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

FHC, em entrevista mas não no velório, para onde enviou a primeira-dama, Lula e Leonel Brizola foram os políticos que disputaram, na cobertura de ontem, o legado e a imagem de Betinho.
FHC declarou ter perdido um amigo, Lula foi genérico e Brizola recordou que Betinho ajudou a escrever o estatuto de seu partido.
O sociólogo, de fato, esteve próximo de todos, até participou do governo, através do Comunidade Solidária. Mas esteve mais para "um ser de luz", um "Dom Quixote de Minas Gerais", como era lembrado na Globo.
Nem o brizolismo, corrente com que mais se identificou, conseguiu sua filiação. Morreu com um "símbolo", na expressão de FHC, "uma figura mítica na história do Brasil, um ídolo, um herói brasileiro", na expressão do politizado ator Paulo Betti.
Ateu, como descrito por um amigo, foi venerado na televisão tanto pelo católico Leonardo Boff quanto pelo evangélico Caio Fábio.
Até o envolvimento com bicheiros, ignorado ontem mas que reduziu o impulso da Ação pela Cidadania, surge afinal como um degrau na escalada do herói.
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Betinho, herói de solidariedade e cidadania, não foi celebrado ontem, pela televisão, como Ayrton Senna, herói dos tempos neoliberais.
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O país vive a tragédia por um dia, mas a publicidade age no longo prazo.
Segue imperturbável a campanha do "Brasil Real", à base do "Brasil em Ação".
É um longo comercial do governo FHC, concentrado nos dois slogans, pago pela Petrobrás, que passa na Globo todo final de semana. A garota-propaganda, conhecida de outras campanhas de FHC, é Regina Duarte.
Dizia ela, sobre o projeto de educação abordado:
-É o resultado de um Brasil em Ação...

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