São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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Pressionado, FHC pede paciência a empresários

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Durante jantar na noite fria de sábado em São Paulo, o presidente Fernando Henrique Cardoso pediu paciência a um grupo da elite empresarial do país pela demora nas reformas estruturais, principalmente a tributária, previstas em seu programa de governo.
As lideranças empresariais do país consideram a reforma tributária como a mais importante para o aumento da competitividade da indústria brasileira na era da globalização econômica.
O encontro, reservado, aconteceu na casa do empresário Paulo Cunha, presidente do grupo Ultra, no Morumbi, bairro nobre da capital paulista.
Estiveram presentes os ministros Antonio Kandir (Planejamento), Paulo Renato Souza (Educação), e Clóvis Carvalho (Casa Civil), o governador Tasso Jereissati (PSDB-CE), senador José Serra (PSDB-SP) e 32 empresários.
O evento marcou a transmissão da presidência do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) pelo anfitrião para o empresário Eugênio Staub, presidente do grupo Gradiente.
Cunha pediu o apoio de FHC à nova fase do Iedi, que, para ele, significa a "busca de uma estratégia comercial externa para o país mais estruturada, em lugar dessa improvisação que está aí".
Para Cunha, isso será possível à medida que a iniciativa empresarial se faça em coordenação estreita com o governo. "Essa foi a nossa mensagem."
Segundo Cunha, FHC reafirmou o propósito de o governo trabalhar em parceria com os empresários, dar apoio e fazer com que o progresso aconteça com mais fluidez.
O novo presidente do Iedi, Eugênio Staub, disse à Folha que a reforma tributária foi um dos temas mais debatidos entre o presidente FHC e os empresários.
"O presidente nos pediu paciência. Ele aceita as pressões e procurou, a cada momento, mostrar que não adianta ter pressa, dizendo que não se constrói um país democrático em um mandato."
O empresário Jorge Gerdau, do grupo Gerdau e líder da Ação Empresarial, lobby de empresários pelas reformas estruturais, foi um pouco mais longe na defesa das reformas.
Atacando a estrutura tributária "medieval" do país, Gerdau atribuiu o impasse na reforma tributária às estruturas corporativas muito fortes das receitas federal, estaduais e municipais.
"No Brasil, essas corporações dizem que o imposto bom é o imposto velho, o que caracteriza uma mentalidade tributária obsoleta."
Entre os empresários presentes estavam Jacks Rabinovich, Olavo Monteiro de Carvalho, Alcides Tápias, Cláudio Bardella, Pedro Piva, Andrea Matarazzo, Ivoncy Ioschpe, Hugo Miguel Etchenique, Pedro Eberhardt e Bruno Caloi.
O cardápio incluiu para o coquetel canapé de pão de nozes com patê de "foie" e "musseline" de batata com ovas de salmão e um bufê com alcachofras gratinadas, pato com figos e purê de mandioquinha e caçarola de lagosta.

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