São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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Pitta não vai cumprir metas no 1º ano

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, não vai conseguir cumprir as metas previstas para o primeiro ano de governo estabelecidas no Orçamento.
O principal motivo é a crise financeira da prefeitura, provocada pelas dívidas herdadas da gestão Paulo Maluf (93-96).
A crise afetou praticamente todos os setores da administração. A Folha constatou 50 problemas no governo municipal, incluindo serviços essenciais e projetos considerados prioritários pelo próprio prefeito.
Várias obras foram paralisadas -como os viadutos sobre a avenida Washington Luiz- ou estão em ritmo lento, como é o caso do piscinão Caguaçu, em Aricanduva, na zona sudeste da cidade.
Muitas propostas nem mesmo saíram do papel. São os casos da Universidade da Zona Leste e do programa de implantação de 23 parques na periferia da cidade.
O prefeito previa também gastar, em 97, R$ 31 milhões na construção de bibliotecas públicas. Até agora não foi investido um único real no projeto.
A crise atingiu também o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) e o Cingapura, símbolos da campanha eleitoral de Pitta.
As cooperativas do PAS estão recebendo recursos com atrasos e o Cingapura obteve apenas 19,3% do previsto no Orçamento.
As dificuldades de caixa fizeram também com que a Secretaria Municipal dos Transportes diminuísse o número de ônibus em circulação na cidade.
Desde o começo do ano são 729 ônibus a menos na cidade, segundo a o secretário dos Transportes Carlos de Souza Toledo.
Programas sociais, como os de atendimento à terceira idade e a deficientes físicos, receberam pouquíssimas verbas nos primeiros seis meses do governo -menos de 6% do previsto no Orçamento.
O prefeito Celso Pitta diz que o momento de contenção de despesas é passageiro e que os programas sociais não estão sendo afetados pelas dificuldades de caixa.
Pitta -que é acusado de envolvimento em irregularidades na emissão de títulos públicos para pagamento de precatórios judiciais- não pode reclamar da situação financeira do município.
Ele sabia o tamanho da dívida que ia herdar do governo anterior. Pitta foi, durante três anos e cinco meses, o secretário das Finanças da gestão Paulo Maluf.
O ex-prefeito deixou cerca R$ 1 bilhão em dívidas de curto prazo, isto é, com vencimento em 1997.
Historicamente, a dívida de um ano para outro fica na casa dos R$ 600 milhões, segundo o próprio secretário das Finanças, José Antonio de Freitas.
Maluf deixou também uma dívida de longo prazo de R$ 7,6 bilhões, praticamente o mesmo valor do Orçamento municipal.
A maior parte dessa dívida vence ainda na gestão Pitta. Mas o prefeito pretende conseguir a rolagem dos pagamentos.

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