São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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A avaliação em Minas

HERALDO MARELIM VIANNA

O Programa de Avaliação da Escola Pública de Minas completou cinco anos em março. Uma reflexão deve ser feita na tentativa de compreender esse fato inédito no panorama da educação brasileira, em que a maior parte dos programas acaba tendo duração curta.
A primeira explicação apóia-se na vontade política de realizar um trabalho que facilitasse a ação dos educadores e, ao mesmo tempo, permitisse a coleta de dados importantes para a tomada de decisão dos órgãos da administração central. O apoio dos professores ao programa permitiu sua efetiva concretização. A forma como os trabalhos foram planejados mostrou a importância do corpo docente no empreendimento.
A avaliação foi levada a termo pela parceria diretoria de avaliação e escola, que planejaram e construíram os instrumentos de medida, aplicaram esse material aos alunos e fizeram, posteriormente, a sua correção, seguida da elaboração de um relatório por parte de cada unidade de ensino.
Um trabalho desse vulto só tem sucesso se for acompanhado de um conjunto de medidas de repercussão no sistema. Isso realmente ocorreu com a autonomia da escola, em três dimensões: administrativa, financeira e pedagógica.
Tudo isso, ligado ao programa de avaliação, gerou um processo de interação que deu à escola mineira uma feição moderna e dinâmica, permitindo-lhe encaminhar soluções para os problemas apontados nas avaliações e proporcionar aos jovens condições para uma aprendizagem eficiente.
Um terceiro aspecto a considerar refere-se à participação da sociedade, por intermédio dos Colegiados das Escolas, integrados por pais, professores e alunos.
O envolvimento dos alunos foi de excepcional importância. Compreenderam os objetivos do programa de avaliação, apercebendo-se de que seu propósito não era aprovar ou reprovar, atribuir uma nota. A avaliação não teve caráter repressivo nem buscou punir.
Se considerarmos o programa em toda a sua plenitude, verificaremos que ele não se concentra exclusivamente na medida do produto final, o rendimento do aluno, mas busca primordialmente levantar dados sobre o contexto educacional do Estado, como a organização da escola e sua gestão, a estrutura dos programas curriculares e as práticas de ensino.
O programa, além de aplicar instrumentos tradicionais de medidas em educação para detectar pontos críticos na aprendizagem e corrigi-los imediatamente, antecipou-se a outras experiências, criando textos específicos de compreensão de leitura, atribuindo à avaliação do domínio da língua portuguesa maior amplitude.
Ao finalizar essas considerações, voltamos à importante figura do professor, que foi solicitado a manifestar sua opinião sobre a escola durante todo o programa. O Programa de Avaliação da Escola Pública, pelo que já realizou em curtos cinco anos, tem, sem dúvida, um futuro promissor.

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