São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estatísticas nacionais

LUÍS NASSIF

A reconstrução estatística do Brasil -ponto central de qualquer política de desenvolvimento- tem que ser pensada em cima dos novos paradigmas tecnológicos e econômicos.
Já se vão longe os tempos de uma realidade econômica relativamente estável, que permitia a consolidação de setores -e, obviamente, dos respectivos sistemas de estatística. E de sistemas de computadores centralizados, que impediam a disseminação da busca de informações.
No cenário atual, a computação é um bem abundante. E já existe suficiente organização, nos municípios ou em setores da economia, para a busca autônoma de informações.
A vantagem desse modelo é poder cobrir com rapidez as mudanças que ocorrem em todos os quadrantes da economia. O inconveniente é a não-padronização das informações, impedindo sua consolidação e a análise de dados agregados.
A solução para a reconstituição estatística do país está na própria indústria de informática mundial.
Nos últimos anos, a informática se caracterizou pela capacidade de produção distribuída de tecnologia. Como havia a necessidade de integração entre produtos, procedeu-se a uma padronização de procedimentos, de tal forma que, mesmo sendo produzidos de maneira distribuída, pudessem ser integrados e comparados.
O mesmo precisa ocorrer no país, para criar as bases para esse novo modelo distribuído. Ou seja, há a necessidade de se começar a padronizar sistemas de informação, de criar uma cultura de informações nas empresas e setores, permitindo a multiplicação dos indicadores (devidamente padronizados) para, mais à frente, poderem ser tratados de maneira agregada.
No âmbito das empresas, o órgão adequado para conduzir esse processo é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Nos últimos tempos, a CVM tem ampliado o escopo de atuações.
Já se fala em exigir demonstrativos de um espectro maior de empresas, indo além das sociedades anônimas de capital aberto.
É medida da maior relevância social e econômica, que acaba com essa história de que cada empresa é uma ilha, que não deve satisfações a ninguém.
Outro ponto relevante é a padronização das informações municipais e regionais. Pode-se chegar a essa padronização deixando o mercado se desenvolver e depois acertando as arestas -já que o conjunto de análises não varia muito.
Como pode-se começar a pensar na criação de fóruns que permitam acelerar esse processo de homogeneização de conceitos -importante, inclusive, para se ter maior controle sobre as contas públicas.
São discussões que mal se iniciam. Mas que tratam de questões importantes para o desenvolvimento nacional, e para a racionalização e coordenação dos diversos esforços que terão que se somar na busca do desenvolvimento.
Noel/Ivan
Para os aficionados: Noel Rosa por Ivan Lins está de matar.

E-mail: lnassif@uol.com.br

Texto Anterior: Marketing inspirado na natureza
Próximo Texto: Fundos de investimento já têm quase um quinto do PIB
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.