São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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Antagonismo é marca registrada

DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A negação ao Clube da Esquina vai além da música. Na postura da nova geração também pode se detectar um certo antagonismo.
Ao contrário dos integrantes do movimento da década de 70, que compunham juntos, gravavam as mesmas músicas e se apadrinhavam, os músicos que surgiram depois preferiram se isolar.
John, do Pato Fu, acha que a influência de bandas internacionais, que se acentuou nos anos 80, foi determinante para o isolamento.
"As pessoas começaram a ter influências da música internacional. Os que não eram 'new clube da esquina', nem da onda metal, passaram a atirar para todos os lados. Em Recife, os que não são mangue beat devem fazer outras coisas."
Esse individualismo criou uma diversidade que é uma marca registrada da música mineira atual.
O Skank, por exemplo, toca reggae, o J. Quest, black music, o Virna Lisi faz um rock com elementos regionais e o Pato Fu mistura pop, rock e MPB; o Tétine é um duo de música eletrônica; Os Baratas Tontas são psychobilly e por aí vai.
Para o agitador cultural Alexandre Malab, o caso é mais simples. Segundo ele, o individualismo é uma característica de hoje em dia, mesmo em se tratando da cultura musical. De toda maneira, se compararmos essa cena com o que se registrou em outros estados, a diferença é gritante.
Em Brasília, nos anos 80, por exemplo, as bandas como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude tinham uma proposta parecida e faziam parte de um mesmo grupo social, a Turma da Colina.
Em Recife, o mangue beat se uniu em torno de um ideário comum: estética do homem-caranguejo, criada pelo escritor Josué de Castro, e da mistura de ritmos regionais com internacionais.

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