São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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Despedida de Betinho reúne 40 pessoas no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de pouco mais de 40 pessoas participou ontem pela manhã da despedida ao sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, morto aos 61 anos, no cemitério de São Francisco Xavier, no bairro do Caju (zona norte do Rio).
O corpo de Betinho foi cremado. As cinzas estarão à disposição da família hoje e serão depositadas no sítio do sociólogo, em Itatiaia (região serrana a 174 km do Rio), em data ainda não escolhida.
O sociólogo morreu às 21h10 de sábado em seu apartamento, em Botafogo (zona sul), em consequência de problemas hepáticos. Hemofílico, era portador do vírus da Aids, contraído numa transfusão de sangue.
No domingo, o corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Na madrugada de ontem, seguiu para o Caju. Um cortejo de apenas 15 pessoas acompanhou o caixão da capela B do cemitério ao crematório.
Na despedida, sem cunho religioso, parentes, amigos e integrantes do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), organização não-governamental fundada por Betinho, recordaram episódios de sua vida.
O filho mais velho do sociólogo, Daniel Carvalho de Souza, contou uma história que considerou típica do pai.
Quando criança, no Chile, Daniel adorava filmes de Tarzan, mas o sociólogo tentava fazê-lo mudar de herói.
"Esse Tarzan é um babaca", dizia Betinho, segundo o filho. "Legal mesmo é a Chita (chimpanzé do personagem)..."
A irmã
Filomena Souza, irmã de Betinho, disse que sentia "uma grande dor, mas uma grande sensação de plenitude" pela morte dos irmãos (Betinho, o cartunista Henfil e o compositor Francisco Mário, todos hemofílicos contaminados pelo vírus da Aids).
"Os meninos foram embora, e isso me deixa triste porque eles viveram pouco. Ao mesmo tempo, sei que viveram muito intensamente e fizeram grandes coisas, e isso me conforta, me faz sentir alegria", disse.

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