São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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MST anuncia fim da trégua às invasões de terras no Pontal

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO

O MST anunciou ontem o fim da trégua às invasões de terras no Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo.
A suspensão da trégua, firmada em fevereiro, aconteceu porque o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) considera que o governo não cumpriu sua parte no acordo.
O MST aceitou parar com as invasões com a contrapartida de que Estado e União acelerassem o assentamento das famílias.
A decisão aconteceu dez dias depois do decreto do governador Mário Covas que permite aos fazendeiros doar um mínimo de 35% das áreas em litígio em troca da regularização do restante.
Com o decreto, Covas espera liberar áreas para assentamentos no Pontal, onde 37,75% das terras vistoriadas são consideradas improdutivas pelo Incra.
A coordenadora do Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), Tânia Andrade, afirmou, por meio de sua assessoria, que está em entendimentos com produtores dispostos a utilizar o decreto.
Os sem-terra, que pretendem mobilizar 17 mil famílias nas invasões, esperam a reação armada dos fazendeiros, encabeçados pela UDR (União Democrática Ruralista), afirmou o coordenador estadual do MST Walter Gomes.
"Sabemos que os fazendeiros estão com armamento pesado, mas vamos resistir", disse.
Em princípio, Gomes disse que o MST iria "estudar" o uso de armas, mas depois negou que haja armamentos entre os sem-terra.
O presidente da UDR, Roosevelt Roque dos Santos, nega o uso de violência, mas admite que pode haver reação de produtores.
"O produtor tem direito de usar meios para garantir que sua propriedade seja preservada." O MST fez uma lista de fazendas a serem invadidas nas próximas semanas.

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