São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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'Puseram os pés nas minhas costas e a arma na minha cabeça'

DA REPORTAGEM LOCAL

O manobrista Tadeu Ângelo Barbosa viu os três amigos serem baleados. "Depois me deitaram, puseram os pés nas minhas costas e uma arma na minha cabeça. Pensei que eu também ia morrer."
Barbosa diz não ter dúvidas. Para ele, foram os policiais que atiraram em seus amigos. Os quatro dividiam um cômodo de seis metros quadrados nos fundos de um estacionamento no centro da cidade, onde todos trabalhavam.
Ele conheceu Antônio Carlos Santos, o manobrista morto, há um mês. "Ele era o único mineiro. Não sei de que cidade." Tadeu guarda as poucas coisas que Santos deixou no pequeno alojamento -um sabonete, uma toalha e uma calça, uma camisa e um relógio.
"Vi meu amigos caírem baleados", disse. Entre os baleados estava Isaac Ferreira Barbosa, que levou o tiro nas costas.
"Eu gritava para eles (os PMs) pararem de atirar, que nós éramos trabalhadores", afirmou Isaac. Ele foi levado à Santa Casa. Ele é casado e a mulher está no oitavo mês de gravidez. "Só perguntaram quem a gente era depois dos tiros. Acho que vou sair de São Paulo."
Enquanto Isaac era levado ao hospital, Barbosa e Ataniba Almeida, ferido de raspão na perna, permaneceram algemados com as mãos para trás e deitados na praça.
"Fiquei cinco minutos deitado. Eles (os PMs) chutaram o Ataniba e puxaram a orelha dele. Queriam saber de uma arma, mas a gente não anda armado", disse Barbosa.

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