São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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São Paulo vive onda de crimes bárbaros

DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo está registrando uma onda de crimes bárbaros cometidos por motivos banais contra pessoas de classe média e alta.
Nas últimas três semanas, pelo menos oito crimes foram cometidos com essas características (veja quadro ao lado).
Em dois casos, as vítimas eram pessoas idosas, mortas cruelmente após serem assaltadas. No dia 24 de julho, a polícia encontrou os corpos dos médicos Nêdo Romiti, 67, e Maria José Romiti, 72, dentro de um baú na sala do apartamento onde eles moravam, em Santos.
Antes de morrer asfixiado, o casal foi torturado e obrigado a assinar cheques e revelar as senhas de cartões bancários. Duas pessoas foram presas e confessaram a autoria do crime.
Quatro dias depois, a pintora austríaca Hermine Toth, 73, foi torturada, morta a facadas e teve seu corpo incendiado, na casa onde morava, no Morumbi (zona sudoeste de SP).
O sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, acredita que a falta de punição estimula crimes como esses. Segundo ele, os níveis de violência em São Paulo não estão aumentando, mas os últimos assassinatos têm chamado mais a atenção por envolver pessoas de classe média.
"Qualquer crime é cruel, mas os que envolvem a classe média chamam mais atenção", opina.
Já na opinião do psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg, o medo coletivo que a sociedade sente seria um dos motivos de crimes como esses.
"As pessoas estão reagindo com violência no trânsito, no trabalho, em qualquer situação. Essa overdose de brutalidade inútil às vezes acaba sendo o estopim de crimes bárbaros", afirma.
A degradação das relações entre as pessoas também é apontado como um fator para o aumento da violência. "A valorização das relações coletivas seria o primeiro passo para diminuir a violência."
Nos últimos casos de violência na classe média, pelo menos três pessoas foram atingidas por balas perdidas.
Para evitar casos como esses, a solução seria o desarmamento da sociedade. "O cidadão armado atira por qualquer motivo", afirma Pinheiro.

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