São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997 |
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Proprietários invadem apartamentos
DA FOLHA CAMPINAS Os donos de apartamentos de um condomínio de classe média de Campinas (99 km de São Paulo) estão invadindo os imóveis para evitar a ocupação do local por grupo de sem-teto.O condomínio Raposo Tavares, no Jardim São José, zona sul da cidade, foi ocupado por 110 famílias até o final da tarde de ontem. Eles não têm água, esgoto ou rede elétrica. Segundo o assistente comercial Marcelo Gonçalves, 24, 80% dos mutuários já pagaram os apartamentos. Ele disse que está noivo e já adiou o casamento porque a construtora BPlan não cumpriu o acordo. "Eles deveriam ter entregue as chaves no último dia 10", afirmou. Os donos de apartamentos afirmaram que temiam a invasão das moradias por grupos sem-teto de Campinas. "Essa região é muito visada. Depois que eles entram em um lugar, ninguém tira mais", disse o professor Tadeu Carvalho Merola, 28. Casamento adiado O professor, que também disse estar noivo e ter adiado o casamento devido ao atraso na entrega dos apartamentos, já pagou R$ 4.200, desde o ano passado, pelo apartamento de dois dormitórios em que ele pretende morar com a futura mulher. O administrador da obra, Heitor Freitas de Medeiros, 51, disse que a empresa só recebeu de 50% dos inscritos no plano de habitação, financiado pela CEF (Caixa Econômica Federal). Segundo ele, com esse dinheiro foi feita a parte da infra-estrutura do condomínio. Ele não soube revelar o valor gasto nas obras. "Houve um atraso, não podemos negar, mas a empresa está trabalhando para entregar os apartamentos o mais rápido possível." Segundo Medeiros, parte do dinheiro foi usado na pavimentação das ruas do condomínio, na instalação das redes internas de água, esgoto e parte da rede elétrica. O assistente-geral de comunicação social da CEF em Campinas, Alberto Dalbo Neto, 30, disse que não houve atraso no repasse do financiamento para a construção do conjunto habitacional. "Se houve problema com dinheiro, foi por parte da empresa", afirmou Neto. Os ocupantes do conjunto formaram uma comissão que negocia com a Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.) a ligação das redes de água e esgoto no local. A comissão informou que também vai procurar a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), para que seja ligada a rede de energia elétrica. As famílias recolhiam botijões de gás e começavam a chegar com móveis ao local ontem à tarde. Segundo os ocupantes, as crianças não dormiriam nos apartamentos. Texto Anterior: Como foi o crime Próximo Texto: Prazo vence, mas sem-teto não saem Índice |
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