São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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Rei do Camboja ameaça renunciar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O rei do Camboja, Norodom Sihanouk, disse ontem que pode abdicar ao trono.
O novo homem forte do Camboja e co-premiê, Hun Sen, acompanhado do primeiro premiê, Ung Huot, se reúne hoje com o rei em Pequim (China), onde o monarca se encontra desde fevereiro em tratamento médico.
Hun Sen depôs no dia 6 de julho o então premiê Norodom Ranariddh, filho do rei, com quem comandava o país desde 1993 por meio de uma instável coalizão.
Analistas afirmam que a renúncia do rei é improvável e que o aviso faz parte de sua estratégia de recuperar influência política no país.
Segundo os analistas, Hun Sen tentará obter a aprovação de Sihanouk para garantir ao seu governo legitimidade nacional e internacional.
Em Bancoc, capital da Tailândia, Ranariddh afirmou que a declaração do pai de que pode abdicar é "uma expressão de que desaprova Hun Sen por violar os direitos humanos no país e por levar o Camboja à instabilidade política".
Movimentação militar
Tropas de Hun Sen estariam prestes a ocupar a cidade de O'Smach, no noroeste do Camboja. Esse seria o último local a se manter leal ao premiê deposto. Ranariddh negou a possibilidade de derrota de seus partidários.
Antes de viajar à China, Hun Sen disse em Phnom Penh, capital do país, que iria informar ao rei sobre os preparativos para uma eleição em maio de 1998.
Reunião da Asean
Os chanceleres dos países integrantes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) se reuniram ontem em Cingapura para decidir se reconhecem o novo poder do Camboja.
Eles anunciaram que vão continuar os esforços de paz e que planejam realizar uma reunião informal em que estariam representadas "todas as partes envolvidas".
Após quatro horas de conversas, os chanceleres demonstraram voltar atrás de sua posição inicial de apoiar o premiê deposto, afirmando que o grupo nunca pediu a volta dele ao poder no Camboja.
Eles também afirmaram que a possível prisão de Ranariddh, caso ele retorne ao país, é uma questão interna. Hun Sen já anunciou que quer levar Ranariddh à Justiça.
Ontem, a Asean se recusou a dizer se ainda reconhece Ranariddh como co-premiê. Em julho, após a deposição de Ranariddh, o grupo havia dito que o premiê deposto deveria ter permissão de voltar e retomar a atividade política.
"Nós não reconhecemos governos, e sim Estados", disse o chanceler da Indonésia, Ali Alatas, que participou da reunião.
Os chanceleres afirmaram que a nomeação de Ung Huot é uma evolução que a Asean não pode ignorar.
Eles disseram ainda que é importante para o futuro do Camboja a realização de eleições livres em maio de 1998.

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