São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997 |
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'Perigo vermelho' é nova arma de PMs XICO SÁ XICO SÁ; LUIS HENRIQUE AMARAL
O risco de a polícia passar a ser controlada pela CUT, pelo PT e até pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) é um dos principais argumentos da cúpula da Polícia Militar no combate à desmilitarização. O chamado "perigo vermelho", como é tratado ironicamente, foi exposto ontem em discurso exaltado do comandante da PM do Maranhão, coronel Manoel de Jesus Moreira Bastos, durante o encontro de comandantes da Polícia Militar que está sendo realizado em Foz do Iguaçu (PR). "Desmilitarizar por quê? Você pega 500 mil homens e joga tudo nos braços dos sindicatos", disse o coronel, sobre a proposta discutida no momento por equipes do Ministério da Justiça. Em seu discurso, o coronel Bastos afirmou que a idéia está sintonizada com o plano de conquista de poder da esquerda. "A última proposta de Stedile (João Pedro Stedile, líder do MST), dentro dessa visão de baderna, é o emprego de pelotões populares, desfilando com cartão vermelho e apito nas comemorações da independência da pátria", disse. Segundo o comandante, caso não tomasse providências mais duras, a CUT teria dirigido uma greve violenta de policiais recentemente no Maranhão. Embora apresentem argumentos em tom mais moderado, quase todos os comandantes mostram preocupação sobre o assunto. O próprio presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais da PM, coronel Luiz Fernando de Lara, tem alertado, durante o encontro de Foz de Iguaçu, sobre a possibilidade desse risco. O coronel, que comanda a PM do Paraná, acha que as propostas do governo põem em risco a quebra da hierarquia, que hoje é respeitada entre os militares. Carta de Iguaçu Além da posição contrária à desmilitarização, que é unanimidade, os comandantes irão anunciar hoje, no documento "Carta de Foz de Iguaçu", várias propostas aos governos federal e estadual. Algumas das propostas, consideradas mais importantes: 1) piso nacional de salários para soldados da PM. O plano é fixá-lo em R$ 1 mil. Atualmente, vai de R$ 170 (Piauí) a R$ 1.050 (Brasília); 2) criação do Fundo Nacional de Segurança Pública, que passaria a receber recursos de loterias federais e estaduais, por exemplo, o que permitiria aumento salarial; 3) programa de casa própria - "para o policial deixar de ser vizinho do bandido na favela", segundo os militares; 4) seguro de vida para os PMs. Atualmente apenas alguns Estados, como São Paulo e Paraná, possuem esse benefício. Texto Anterior: Governo quer derrubar texto do relator Próximo Texto: PM absorveria sobra do Exército Índice |
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