São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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PF indicia 39 por rombo de R$ 9,2 bilhões

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal enviou ontem à Procuradoria Geral da República o inquérito que investigou supostas fraudes no Banco Nacional, concluindo que o patrimônio sem cobertura da instituição entre 1988 e 1995 somou R$ 9,2 bilhões.
Ana Lúcia Catão de Magalhães Pinto, integrante do Conselho de Administração do banco e nora do presidente Fernando Henrique Cardoso, é uma das 39 pessoas indiciadas pelo delegado Galileu Pinheiro sob as acusações de gestão temerária e gestão fraudulenta.
Outros três membros da família Magalhães Pinto, que controlava o Nacional, foram indiciados.
A quantia é quase o dobro do que se divulgou em novembro de 1995, quando o Banco Central interveio no Nacional. O relatório da PF também aponta uma receita fictícia no período de R$ 16,9 bilhões e um prejuízo de R$ 10 bilhões.
A PF poderá abrir um segundo inquérito para investigar supostas remessas irregulares de recursos pelo Nacional para o exterior, por intermédio do Interbanco, instituição do Nacional sediada no Paraguai. A Folha apurou que há indícios de simulação de operações com o exterior que somariam cerca de R$ 2 bilhões.
Os indiciados são integrantes do Conselho de Administração, Comitê Executivo, Controladoria, Vice-Presidência de Operações e Diretoria, além de um diretor da KPMG, empresa encarregada da auditoria do banco.
O indiciamento significa que a PF considerou que há indício de crime, mas não é sinal de culpa definitiva. Os procuradores da República poderão denunciar ou não os indiciados à Justiça, que terá de decidir se aceita a denúncia.
Se isso acontecer, os acusados serão processados. Os procuradores, porém, podem denunciar outras pessoas, que não foram indiciadas.
São cerca de 900 volumes, com mais de 70 mil páginas. Os procuradores Silvana Batini e Rogério Nascimento disseram que vão decidir, provavelmente em um mês, se farão ou não a denúncia.
O inquérito da PF não investigou a atuação de funcionários do Banco Central responsáveis pela fiscalização das operações do Nacional. O BC deverá fazer uma investigação interna para apurar o caso.

Os indiciados: Ana Lúcia Catão de Magalhães Pinto, Antônio de Pádua Diniz, Eduardo Catão de Magalhães Pinto, Fernando C. de M. Pinto, Germano Lyra, Marcos C. de M. Pinto, Arnoldo de Oliveira, Benedito Duarte, Clarimundo de Sant'Anna, Décio Bueno, Eliana Zem, Francisco Zerbini, Francisco de Farias, Georg Lipsztein, Geraldo Tonelli, Ivan Carratu, José C. de Lima, José Castro Rudge, Marcos Grodetzky, Nagib Antônio, Nuham Szprinc, Roberto Duarte, Virgílio Veloso, Antônio Nicolau, Mário Sérgio Auler, Omar Correa, Alexandre de Vasconcelos, Carlos Vergili, Gilberto Corrêa, Milton Nicolett Jr., Nelson João, Paulo Monteiro, Sérgio Cordeiro, Wilson de Medeiros, Antônio Sobrinho, Frederico de Matos, João A. dos Santos, Manoel Nunes e Marco Aurélio Maciel

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