São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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Estado tem saúde de 1º e 4º Mundos

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento rápido e desordenado de cidades em torno de São Paulo está empurrando muitas delas para o mais baixo patamar no ranking dos serviços de saúde no Estado. Populações que vivem a menos de 40 km do espigão da Paulista -onde se concentra a melhor infra-estrutura do país- contam com número de médicos e equipamentos só comparável ao de Registro, no Vale do Ribeira, a região mais pobre do Estado.
Nesse cinturão da pobreza está a maioria dos municípios da Grande São Paulo, excluído o ABC. As 11 cidades que compõem a região de Osasco -todas coladas à capital- têm um dos mais baixos índices de enfermeiros do Estado, 0,09 por mil habitantes -a Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos 15 vezes mais. Osasco também é a pior região em infra-estrutura médica no Estado.
As distorções não se limitam à Grande São Paulo. Regiões como a de Ribeirão Preto, a segunda melhor servida em profissionais médicos e não médicos, está em 12º em infra-estrutura num ranking de 24 no Estado. Sorocaba, ao contrário, está no 2º posto em infra-estrutura e o 19º em médicos. A região de Santos é a penúltima colocada em infra-estrutura e ocupa o 3º lugar em número de médicos.
Os desequilíbrios aparecem num detalhado levantamento divulgado ontem pela Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo), órgão vinculado ao governo do Estado. Os pesquisadores utilizaram números do IBGE e informações das 24 DIRs (Direções Regionais de Saúde) nas quais o Estado é dividido.
A pesquisa tomou como base itens referentes a recursos humanos e infra-estrutura de atendimento. No primeiro caso foram contabilizados os empregos de médicos clínicos gerais, especialistas e pessoal não médico, como enfermeiros, dentistas e outros. No segundo foram considerados hospitais, leitos, postos e centros de saúde da rede pública e privada.
"O estudo revelou sérias disparidades entre as regiões", disse o médico Ruy Bevilacqua, um dos coordenadores da pesquisa. O objetivo da pesquisa não é tirar conclusões, "mas fornecer instrumento de trabalho" para os responsáveis pela saúde.
A Secretaria da Saúde não quis comentar os resultados, argumentando que não havia sido informada do estudo.

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