São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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São Paulo volta a registrar deflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A menor pressão de vários itens, como alimentos, tarifas e vestuário, associada à retração da demanda dos consumidores, provocou a primeira deflação do ano em São Paulo.
Os preços recuaram, em média, 0,28% para os paulistanos na primeira quadrissemana deste mês, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
As últimas taxas de deflação tinham ocorrido em dezembro do ano passado, mas em percentuais menores. A taxa de -0,28% deste início de agosto é a maior deflação desde o -0,98% de junho de 1957.
A queda da taxa de inflação no segundo semestre do ano está se tornando uma constante, diz Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe. "Em 95 e 96 também a tendência foi de queda".
Para o economista da Fipe, os preços vão continuar caindo e agosto deve ter uma deflação de 0,3%. Essa tendência de queda torna ainda mais factível a previsão de uma taxa de inflação inferior a 5% neste ano.
O economista da Fipe acredita que a taxa acumulada do trimestre julho-setembro deve ser negativa. A pressão na inflação só deve voltar a partir de outubro, devido à entressafra da carne e à nova pressão do vestuário.
Clima ajuda
A deflação deste mês está ocorrendo devido à queda de preços em vários setores pesquisados pela Fipe. Alimentos -o item que mais pesa na composição do índice- e vestuário foram as principais quedas. Em ambos, a ausência de frio intenso e de geadas foram os responsáveis pela redução.
Nos últimos 30 dias terminados em 7 de agosto, os paulistanos pagaram 0,67% menos pelos alimentos do que no mesmo período anterior. Os produtos "in natura" lideraram as quedas (-3,95%). Até os alimentos industrializados, que estavam em alta, ficaram com preços estáveis no período.
No setor de habitação, tarifas públicas e aparelhos eletroeletrônicos empurram o item para baixo.
Aluguel contido
O reajuste de aluguel, tradicional vilão da inflação nos anos anteriores, está estável, apesar de este ser o mês de maior pressão no índice da Fipe.
A maior oferta de imóveis para alugar e o comprometimento da renda dos consumidores com outras prestações estão inibindo os reajustes.
Os paulistanos estão pagando menos, ainda, pelos produtos considerados como de despesas pessoais.
As quedas ocorrem em bebidas, gastos com recreação, cultura e em serviços pessoais (cabeleireiro, alfaiate etc.).
A pesquisa da Fipe mostrou que a setor de saúde foi o único que registrou aumento de preços nessa quadrissemana. A alta é explicada pelos reajustes dos convênios médicos, diz Heron do Carmo.

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