São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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'Rejeitados' de SP tentam taça para Cruzeiro

FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Quatro dos 11 atletas do Cruzeiro na decisão da Taça Libertadores, hoje, contra o Sporting Cristal (Peru), querem gravar seu nome na história do futebol nacional e prestar contas com o futebol paulista.
Titulares do Cruzeiro, festejados como craques na capital mineira, três deles trocaram São Paulo por Belo Horizonte, em 1996, numa negociação que causou intriga.
Em troca de cinco são-paulinos -o meia-atacante Palhinha, o lateral-direito Vítor, os zagueiros Donizete e Gilmar e o atacante Aílton-, o Cruzeiro cedeu o lateral Serginho e o meia Belletti.
O técnico Telê Santana, à época afastado do São Paulo por problemas de saúde, classificou o negócio como "uma loucura".
Os únicos que deixaram o Cruzeiro foram Aílton, trocado por Caio (Lusa), e Gilmar, vendido ao empresário Juan Figer.
Passado um ano e cinco meses da transferência, os que ficaram concordam que ela foi um grande negócio para as suas carreiras.
"Aqui, somos conhecidos, e isso nos dá uma satisfação enorme", diz Donizete. "Não tinha clima no São Paulo. Aqui, em menos de dois anos, ganhei três títulos e poderei ganhar o quarto", diz Vítor.
"Lá, achavam que só jogava porque estava com Raí e Muller e estou provando que posso jogar sem nenhuma estrela do lado", desabafa Palhinha, que estava na reserva.
Memórias
Apesar do esforço para esconder a mágoa, o sentimento é evidente, principalmente em Palhinha.
"Não tenho raiva do São Paulo, mas de pessoas de lá."
O meia-atacante conta que, às vésperas da transferência, um diretor chegou a dizer que ele "iria se dar mal" no Cruzeiro. "Quando ganhamos a Copa do Brasil, em 96, liguei para ele e disse: 'está vendo como estou ruim aqui?"'
Completa a lista de "rejeitados" pelo futebol paulista o atacante Elivélton, jogador do São Paulo de 90 a 93, que deixou o clube quando estava na reserva para ir atuar no Nagoya Grampus (Japão).
Recebeu o passe dos japoneses de presente e retornou para o Brasil, em 1995, justamente para o Estado de São Paulo, só que para defender então o rival Corinthians.
Também no clube alvinegro de São Paulo mais amargou o banco de reserva do que jogou.
O mesmo aconteceu um ano depois, quando foi para outro grande clube paulista, o Palmeiras.
Embora reconheça ser um "jogador irregular", desde que chegou no Cruzeiro, há seis meses, Elivélton tem sido titular.
"Minha boa fase não é reposta para ninguém. Minha resposta a eles já foi dada. No Corinthians, marquei o gol do título de 95 e, no Palmeiras, fui campeão em 96. Ao São Paulo, só tenho que agradecer, foi quem me fez no futebol."
Mais do que um título a mais na carreira, Palhinha, Elivélton e Vítor, bicampeões da Libertadores com o São Paulo (92-93), tentam o feito, inédito no país, de serem tricampeões do torneio.
"Conquistar essa Libertadores será mais gostoso do que aquelas, porque, quando cheguei aqui, muita gente achou que eu já estava acabado", diz Palhinha.

LEIA MAIS sobre a decisão da Taça Libertadores na pág. 3-13

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