São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997![]() |
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'Bocage' quer paixão do poeta português
JOSÉ GERALDO COUTO
O diretor Djalma Batista e a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro, que tem uma participação especial no filme, falaram à Folha sobre "Bocage", inspirado na vida e nos poemas do controvertido autor português Manuel Maria de Barbosa du Bocage (1765-1805). "Bocage" foi rodado em sete Estados brasileiros (principalmente no Ceará) e em Portugal. Seu elenco, com Victor Wagner no papel-título, é quase todo oriundo da montagem de "Calígula" dirigida no teatro por Batista. O cineasta planeja adaptar para o cinema a peça "Gota d'Água", de Chico Buarque e Paulo Pontes. Eugénia Melo e Castro -que estudou cinema em Londres antes de se tornar cantora- já foi escolhida como protagonista. * Folha - "Bocage, o Triunfo do Amor" tem uma estrutura bastante livre e não-linear. Qual foi o princípio que norteou a articulação das sequências? Djalma Batista - Bom, houve a escolha dos poemas, e eles próprios sugeriam o encadeamento. O que nos norteou foi a busca de Bocage, sua paixão por determinados temas: a beleza, o amor, o destino, a liberdade. Decidimos começar com o exílio, a punição. Folha - O filme não faz concessões aos esquemas narrativos convencionais. Isso pode dificultar sua comunicação com o público? Batista - O prólogo é desnorteador mesmo, com planos abertos com cortes diretos. Só no terceiro canto o filme explica a que veio. Mas qualquer um pode embarcar nele. Quando o cinema é totêmico, ele ultrapassa as barreiras intelectuais, todo mundo entende. Eugénia Melo e Castro - O filme não exige um esforço intelectual, pois é uma obra que absorve o espectador em outros níveis. Folha - O que vocês acharam dos filmes latinos exibidos até agora? Batista - Estou maravilhado. Achei o máximo o "Ilona Chega com a Chuva", o documentário cubano sobre a salsa, o mexicano "Linea Paterna". Para mim é uma surpresa ver que somos tão semelhantes aos outros países latinos, tanto no aspecto negativo como no positivo. É esse tipo de cinema que eu quero ver. Chega de ver os brutamontes amestrados e as louras histéricas do cinema norte-americano. Folha - Como foi trabalhar em "Bocage"? Castro - Foi a coisa mais fácil e maravilhosa. Filmamos na aldeia Monserraz, no Alentejo, ainda antes de a música ser composta. Eu li o "Soneto da Liberdade", do Bocage. Depois, a partir das imagens, Livio Tragtemberg compôs a música, e eu gravei em São Paulo. Batista - O Livio fez a música com um tom de fado misturado com bossa nova. Um "samba-fado". Texto Anterior: Guevara diz que Che não será 'esvaziado' Próximo Texto: 'Amor Está no Ar' aborda romantismo no rádio Índice |
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