São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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Petistas confirmam ação de Lula a favor de Teixeira

Integrantes de nova comissão não vêem problema ético

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Cândido Vaccarezza, dirigente do PT, e Adhemar Gianini, advogado de Roberto Teixeira, admitiram ontem que Luiz Inácio Lula da Silva participou da articulação que pode livrar Teixeira de ser submetido a uma comissão de ética do partido por causa do caso Cpem.
Teixeira, dono da casa em que Lula mora gratuitamente, foi acusado pelo economista Paulo de Tarso Venceslau de pressionar prefeituras petistas a assinar contratos com a Cpem, empresa especializada em aumentar a arrecadação de tributos.
Uma comissão de sindicância interna recomendou comissão de ética para Teixeira e Venceslau. O amigo de Lula recorreu, e o Diretório Nacional do PT nomeou outra equipe para analisar o recurso. Na prática, o trabalho anterior pode ser invalidado.
"Lula conversou com algumas pessoas sobre o recurso", afirmou Vaccarezza, um dos vice-presidentes do PT. "Eu tenho certeza absoluta de que Roberto Teixeira é inocente", afirmou.
Vaccarezza é do grupo do deputado paulista Rui Falcão, um dos três petistas que vão opinar sobre o recurso de Teixeira. O dirigente afirmou que se reuniu com Falcão para discutir o relatório que indicou comissão de ética para o amigo de Lula.
A cadeia de ligações não se esgota aí. Gianini, o advogado de Teixeira no PT, pertence ao mesmo grupo político de Vaccarezza e Falcão.
O advogado também confirmou a participação de Lula na tentativa de evitar a ida do amigo a uma comissão de ética do partido.
"Conversei com Lula pelo telefone. Ele me disse que devia fazer o recurso e depois até me cumprimentou pelo texto", disse Gianini.
Falcão afirmou que não está constrangido em votar um recurso impetrado por seu sócio político: "Não vejo problema ético porque sou amigo de muita gente no PT e não só do Gianini".
O deputado não escondeu, no entanto, que nunca concordou com a instalação da comissão de sindicância para investigar a denúncia de Venceslau. "A comissão era desnecessária", afirmou.
Também fazem parte da nova comissão o senador José Eduardo Dutra (SE) e Tarso Genro, ex-prefeito de Porto Alegre. Dutra é da mesma ala petista de Lula e foi um dos organizadores do jantar de desagravo oferecido a este logo que surgiu a denúncia contra Teixeira.
"O recurso é um instrumento legítimo no processo democrático", afirmou ao responder se estava à vontade para decidir sobre Teixeira, compadre de seu líder político.
Lula disse que não pressionou ninguém para inocentar Teixeira, embora não tenha concordado com o relatório da comissão de sindicância: "Disse para muita gente que não gostei do relatório porque ele resolveu o problema de todo mundo, menos o meu, e acho que o Roberto tem razão".

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