São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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Suplente pede advogado à Câmara

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A suplente de deputado federal Adelaide Neri (PMDB-AC) foi ontem de manhã à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara e disse que não tem condições de pagar a um advogado para defendê-la no processo de cassação do seu mandato. Ela vai prestar depoimento na próxima terça-feira.
Até o início deste mês, Adelaide ocupava a vaga do deputado Chicão Brígido (PMDB-AC), acusado de ficar com parte dos salários dos funcionários do gabinete.
A Mesa da Câmara propôs na terça-feira a abertura de processo de cassação do mandato dos dois, por quebra do decoro parlamentar. Adelaide recebeu a notificação ontem na CCJ. Na comissão, os deputados avaliam que a situação de Chicão deve se agravar com o depoimento da suplente.
Em gravações obtidas pela Folha, Chicão cobra de Adelaide parte do salário da convocação extraordinária do mês passado. Chicão recebeu ontem a notificação de um funcionário da comissão, que viajou a Rio Branco (AC).
O fato de a suplente ter se apresentado espontaneamente à CCJ pode contar a seu favor. "A atitude é positiva", disse o presidente da CCJ, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). "Se o deputado Chicão Brígido não fizer o mesmo, ele vai ficar numa situação no mínimo constrangedora", disse o relator do caso, Jarbas Lima (PPB-RS).
Segundo o relator, Adelaide poderia ter deixado vencer o prazo de cinco sessões para apresentação da defesa e só então informar que não tem condições de contratar um advogado. Nesse caso, a CCJ teria de indicar um advogado dativo e abriria novo prazo de cinco sessões para a apresentação da defesa.
"Já pedimos à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) a indicação de um advogado para fazer a defesa da deputada. Pedimos urgência para que o advogado possa conversar com a deputada nesse final de semana", afirmou Alves.
A deputada Alzira Éwerton (PSDB-AM) colocou-se à disposição da CCJ para prestar depoimento em defesa de Adelaide.
Alzira enviou carta a Lima relatando conversas que teve com a suplente sobre a pressão de Chicão para que ela lhe desse parte do salário da convocação. "Não posso permitir que a deputada seja acusada dessa forma. É preciso considerar o estado de necessidade em que ela se encontrava quando fez o acordo com o deputado", disse.
Segundo Alzira, a suplente precisava trazer o marido a Brasília para fazer tratamento médico, mas não tinha condições financeiras para manter-se e aproveitou que Chicão assumiria uma secretaria em Rio Branco para ocupar sua vaga na Câmara.

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