São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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Para acabar com crise, central pode ter 'super' vice-presidente

DA REPORTAGEM LOCAL

A vice-presidência da CUT, com poderes ampliados, para o bancário João Vaccari Neto pode ser o desfecho da crise na central.
A idéia vem ganhando força na Articulação, tendência que elegerá os principais cargos da diretoria executiva, como a melhor forma de convencer os bancários a indicar nomes para a chapa e não fazer oposição ao próximo mandato de Vicentinho, que deve ser reeleito no domingo.
Vaccari é atualmente o secretário-geral da CUT, mas pôs seu cargo à disposição depois que a Articulação optou pela permanência de Vicentinho na central.
A criação de uma "super" vice-presidência para os bancários está sendo discutida por uma comissão interna da Articulação e faz parte de uma série de medidas para acabar com os conflitos internos.
A Articulação discute também um pacto de gestão, que, na prática, reduziria os poderes de Vicente Paulo da Silva.
Entre outros pontos, o documento que deve selar o pacto define que todas as decisões da central precisam ser aprovadas pela diretoria antes de serem anunciadas.
O documento é uma das exigências dos bancários para apoiar a candidatura de Vicentinho, a quem acusam de centralizador e autoritário.
Debates
Para o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini, o acordo pode ajudar a CUT a superar o presidencialismo. "Acho que a CUT tem que ter um presidente, mas também precisa debater todas as decisões", disse Berzoini.
Vicentinho, no entanto, não aceita falar em pacto de governabilidade, apesar de mostrar a intenção de aceitar reformulações na diretoria.
"A governabilidade nunca esteve ameaçada, portanto não há necessidade de um pacto desses", afirmou ele.
Mônica Valente, da coordenação nacional da Articulação, não acha que o pacto será uma concessão aos bancários.
No entanto, ele acredita que o acordo será suficiente para restabelecer a confiança entre os bancários e o grupo de Vicentinho.
"O documento é só uma consequência das discussões que a Articulação vinha fazendo", afirmou.
As eleições na CUT acontecem no domingo. A nova diretoria será eleita para um mandato de três anos.
Além de Vicentinho, concorrem Jorge Luiz Martins, por uma frente liderada pela ASS (Alternativa Sindical Socialista), e Wagner Gomes, pela CSC (Corrente Sindical Classista). Caso o acordo com os bancários seja fechado, Vicentinho terá cerca de 53% dos votos.
Renegociação
O candidato Wagner Gomes defendeu ontem a renegociação das dívidas de sindicatos com a CUT.
Alguns dos maiores sindicatos ligados à central não estão participando do 6º congresso nacional por estarem inadimplentes.
Entre esses sindicatos estão os condutores de São Paulo, com cerca de 45 mil sócios, e os metalúrgicos do Rio, com uma base de 60 mil trabalhadores.
Os condutores devem cerca de R$ 900 mil. Os metalúrgicos do Rio, em torno de R$ 200 mil.

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