São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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Bette Midler salva 'Guerra dos Sexos'

MIKE CLARK
DO "USA TODAY"

O diretor Carl Reiner, cujos últimos filmes foram pouco inspirados, realiza um pequeno milagre ao extrair comédia de "Guerra dos Sexos".
Mas perde pontos devido à premissa dessa farsa romântica, com essa exceção antiquada, sobre ex-cônjuges brigados que voltam a sentir a paixão antiga -afinal, é um aberto convite ao adultério.
Mas Reiner se beneficia da divina intervenção de ninguém mais, ninguém menos do que Bette Midler, que se atira com o dinamismo de costume num papel que parece feito sob medida para seu vigor exuberante.
Não chega a surpreender, já que Leslie Dixon o escreveu para ela.
Apenas um estraga-prazeres faria questão de apontar que o personagem representado por Midler -uma atriz que admira a si mesma e ainda está furiosa com a perda de seu primeiro marido, Dennis Farina, para uma sirigaita caçadora de troféus masculinos- é um misto da divorciada vingativa que Midler representa e a atriz narcisista representada por Goldie Hawn em "O Clube das Desquitadas" -filme, aliás, muito melhor do que este.
A diferença é que as piadinhas sobre cirurgia plástica desta vez têm como alvo a segunda mulher de Farina, artificialmente aperfeiçoada (Gail O'Grady, do seriado "Nova York Contra o Crime").
O evento que reúne Midler e Farina, jornalista e autor de romances policiais em que costuma "matar" atrizes, é o casamento infeliz de sua filha, Molly (Paula Marshall), com um político de direita.
Como seria de se esperar, seus pais explodem no meio da recepção. Ele: "Você era tão fiel quanto Kennedy". Ela: "Rejeitei um Beatle por você".
A tensão chega ao ápice quando os dois param de se agredir e, para grande surpresa geral, começam a se acariciar com intensidade.
Uma coisa leva a outra, e o casal acaba fugindo para Manhattan. A filha contrata um fotógrafo de celebridades (Danny Nucci), perito em rastrear sua mãe, para encontrá-los.
Se Midler e o durão Farina explodem como rolhas numa garrafa de champanha, Marshall e seu par romântico eventual, Nucci, são chochos ao extremo. Nada justifica que ocupem tanto tempo na tela.
Mas o ator David Rasche é quase um filme em si no papel de Alan, marido número dois de Midler, um terapeuta conjugal maluco que vive balbuciando bobagens como "às vezes a criança interior diz simplesmente: 'Me transforme!'."

Tradução Clara Allain

Filme: Guerra dos Sexos
Produção: EUA, 1997
Direção: Carl Reiner
Com: Bette Midler, Dennis Farina
Quando: a partir de hoje, nos cines Eldorado 3, Paulista 4 e circuito

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