São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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GOLPE NA "SUPERPIZZA"

Depois de uma sequência de atos fortemente condenáveis, o Congresso pratica uma das poucas ações dos últimos meses em que prevalecem o interesse público e o bom senso.
É assim que deve ser entendida a decisão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado de reintroduzir o relatório do senador Roberto Requião (PMDB-PR) como o documento oficial da CPI dos Precatórios.
No mês passado, a CPI protagonizara o escândalo de aprovar votos em separado de vários senadores, cujo efeito prático era o de retirar as menções a prefeitos, governadores e bancos envolvidos na verdadeira "cadeia da felicidade" que foi o esquema dos precatórios.
Agora, restaura-se a lógica e vale o relatório original, conforme, de resto, manda o espírito do regimento interno. Relatório é como um livro, escrito pelo relator. Ou seus pares o aceitam ou o rejeitam e escrevem um novo. O que não cabe é contrabandear "páginas" de autores não incumbidos da tarefa.
Não deixa de ser triste que se tenha que elogiar os parlamentares apenas pelo fato de terem finalmente cumprido com suas obrigações mais óbvias e elementares.
É até possível que alguns senadores tenham se sensibilizado pelo clamor da opinião pública contra a "pizza completa", expressão utilizada de forma despudorada pelo líder do PMDB, Jader Barbalho (PA).
Mas parece evidente que o grupo que tentou promover a "pizza completa" recuou apenas porque sua posição era absolutamente insustentável, do ponto de vista político.
Uma vez restabelecido o bom senso, o mais importante é dar consequência prática ao relatório.
Os organismos incumbidos das investigações, da Polícia Federal ao Ministério Público, passando pelo Banco Central, já têm o instrumento para dar continuidade a seus trabalhos. Seria intolerável que a "pizza completa", desfeita agora no Senado, fosse requentada no momento seguinte, exatamente aquele que permite chegar à punição dos culpados, se o trabalho for bem feito.

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