São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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SEM REFORMAS

À medida que se aproxima a eleição de 98, estreita-se o espaço político para a necessária aprovação das reformas do Estado. São improváveis, em tais circunstâncias, iniciativas que possam desagradar a grandes parcelas de eleitores. Mas isso não justifica o imobilismo.
A reforma da Previdência, por exemplo, visa a garantir a sustentabilidade do sistema a longo prazo. Enquanto isso não ocorre, porém, o combate à sonegação e a contenção de gastos poderiam trazer importantes resultados.
Cruzando seus dados com outras informações oficiais, como as do FGTS, a Previdência estimou a sonegação em R$ 7 bilhões em 95. E não prevê algo muito diferente em 96.
Ora, o déficit total da Previdência, incluindo o pagamento de benefícios e os custos da máquina, foi de R$ 8,5 bilhões no ano passado. A sonegação estimada corresponde a 82% desse rombo. Aparentemente, há também um enorme campo para reduzir despesas de pessoal e custeio do ministério, que chegaram a impressionantes R$ 7,4 bilhões em 96.
No caso da reforma administrativa, aprovada em primeiro turno na Câmara, os avanços no sentido de permitir a racionalização da máquina ficaram aquém do desejável. Mas esse resultado não deve servir de pretexto para que políticos cedam às pressões corporativas ou continuem a usar o Estado como fonte pagadora de suas clientelas pessoais.
Mesmo sem as reformas, o vigoroso corte de pessoal realizado pelo governador Mário Covas, entre outras providências, foi um exemplo concreto do que se pode alcançar com uma administração austera. O déficit foi praticamente zerado e o Estado prepara-se para retomar seus investimentos.
O presidente declarou recentemente que o governo não teria mais "condições de fazer ajuste nenhum porque tudo já foi feito" e que, caso não consiga avançar mais, só poderia apontar a responsabilidade dos "demagogos". Que isso não signifique o abandono do empenho modernizador. Há muito para ser feito.

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