São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997 |
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Temer critica exigência de Lula e Dirceu
CARLOS EDUARDO ALVES
"Respeito o Lula, mas ele tem que entender que não pode prevalecer sua avaliação pessoal sobre alianças para aceitar a candidatura a presidente da República em 98", afirmou Temer. O candidato da "esquerda" criticou principalmente a exigência de Lula de construir uma frente de centro-esquerda para apoiá-lo e, só depois, aceitar a candidatura. "O Lula e o Zé Dirceu estão colocando isso, mas a candidatura não pode ser condicionada por aí", disse o deputado. Temer acredita que a operação desencadeada por Lula pode até comprometer a provável candidatura. Combate, até, a proposta de Lula e Dirceu de convocar um congresso partidário para o início do próximo ano, para definir candidatura e alianças. "Um congresso em 98 é a melhor forma de Lula não ser candidato", afirmou Temer. Argumentou que, como ele entende que o presidente Fernando Henrique Cardoso já está em campanha, o partido não teria como viabilizar um nome alternativo ao de FHC com alguma viabilidade. Temer não declarou, mas alguns setores que o apóiam avaliam que, ao querer se definir só em 98, Lula tem dois objetivos: esperar para ver se o quadro econômico do país se agrava, com o que aumentaria sua chance de vencer, ou inviabilizar uma candidatura própria petista e, assim, forçar a legenda a cacifar um nome de fora para enfrentar FHC. Divergências Mesmo tentando não citar os nomes de Lula e Dirceu, Temer também disparou sobre a tendência centrista "Articulação", que tem como líderes o provável candidato presidencial do partido em 98 e seu atual presidente nacional. "A Articulação marcha na direção de tornar o PT mais palatável na disputa com o grande capital, o que é inaceitável", afirmou. Essa tentativa, na visão do candidato da "esquerda" petista, está clara na tese que a "Articulação" vai defender na convenção nacional da legenda, no final do mês, no Rio. "Ali se lê que, no fundo, tenta-se transformar o PT no apêndice do PSDB", acha. "Há um grande equívoco da direção do partido desde que se iniciou a discussão sobre candidaturas", declarou. Para o deputado, as conversas com o ex-presidente Itamar Franco e com o ex-ministro Ciro Gomes, por exemplo, esconderam o plano de levar o PT a apoiar um nome de fora contra FHC. "O que está em jogo, no fundo, é aceitar ou contestar a lógica do modelo que está aí", disse Temer para reforçar o temor que o PT se "domestique". "Uma parte do PT está contaminada pela visão que aceita a privatização para que o resultado dela seja utilizado na diminuição do estoque da dívida pública", afirmou. O diagnóstico foi extraído em recente reunião de personalidades de esquerda e centro-esquerda, no Chile. Lula e Dirceu estavam presentes. Buaiz Nas discordâncias com o grupo de Lula, Temer incluiu também o comportamento da cúpula no episódio da saída do governador Vitor Buaiz (ES) do partido. "Não é possível que a direção ataque o partido, que apenas não aceitou que um programa defendido em campanha eleitoral tenha sido traído pelo governador", declarou. Texto Anterior: Mello questiona necessidade da PM Próximo Texto: Para Teixeira, não há prova Índice |
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