São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Médicos prevêem epidemia em 98

MALU GASPAR
MARCOS PIVETTA

MALU GASPAR; MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A epidemia de sarampo no Estado de São Paulo deve se prolongar até o ano que vem, estimulada principalmente pela contaminação entre os adultos que ainda não foram vacinados contra a doença.
A vacinação que ocorre amanhã, em crianças com idade entre 6 meses e 5 anos incompletos, pode ajudar a diminuir o aumento da epidemia.
Mas, como há o risco de a doença continuar se propagando entre os adultos que não foram vacinados ou cuja vacinação já ocorreu há muito tempo, o surto deve persistir, embora em menores proporções que neste ano.
Essa é a avaliação de infectologistas ouvidos pela Folha.
"Provavelmente teremos, ainda no ano que vem, casos de sarampo, principalmente entre adultos, que não estão sendo vacinados e podem continuar suscetíveis à proliferação da doença", afirmou o infectologista Marcos Boulos, do Hospital das Clínicas.
Para ele, há a possibilidade de a epidemia ser realimentada por casos que podem vir a surgir em outros Estados.
O CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do Estado de São Paulo afirmou que não pretende vacinar adultos e que a intenção das campanhas de vacinação não é acabar definitivamente com o surto, mas sim reduzir o ritmo de crescimento da epidemia.
"A iniciativa da vacinação, ao não incluir adultos com idades entre 20 e 35 anos, vai prolongar a duração do surto, porque manterá o vírus circulando independentemente da vacinação infantil e não imunizará mulheres que engravidarão, deixando seus filhos sem anticorpos", afirmou o infectologista Vicente Amato Neto.
Para Amato Neto, vacinar as crianças é uma boa medida, embora insuficiente para parar rapidamente a epidemia.
David Lewi, infectologista do Hospital Albert Einstein, também prevê que a epidemia de sarampo continuará no ano que vem, ainda que, provavelmente, com menor intensidade. Ele é a favor da vacinação de adultos com até 35 anos que ainda não foram imunizados.

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