São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Motivo de explosão não vai estar em inquérito

Policiais não consideram possível ouvir Leonardo Castro

DA REPORTAGEM LOCAL

O inquérito da Polícia Federal que investiga a explosão de uma bomba no interior do Fokker-100 da TAM no dia 9 de julho deve ser concluído na próxima semana sem estabelecer um motivo para o crime.
Isso porque os delegados que cuidam do caso praticamente perderam as esperanças de ouvir novamente o professor e instrutor de mecânica Leonardo Teodoro de Castro, apontado pela PF como o responsável pelo acidente.
Castro está internado em estado grave na UTI do Hospital São Paulo. Ele foi atropelado por um ônibus um dia depois de o seu apartamento ter sido revistado pelos agentes federais.
Ontem, os delegados reafirmaram que as investigações estão concluídas. Castro, por estar incomunicável, deverá ser indiciado indiretamente sob a acusação de ter praticado os crimes de explosão, homicídio e lesões corporais. Todos na modalidade dolosa, ou seja, com intenção.
A explosão provocou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura, arremessado para fora do avião quando ele sobrevoava a cidade de Suzano (Grande São Paulo), a uma altitude de 2.400 metros. Outros passageiros e tripulantes ficaram feridos.
O advogado Tales Castelo Branco, que defende o professor, considera absurda e arbitrária a decisão de indiciar o seu cliente. Para ele, não foram encontradas provas concretas contra Castro.
A PF passou o dia de ontem tentando agilizar a entrega dos laudos que faltam para poder relatar o inquérito e encaminhá-lo à Justiça Federal. Estão faltando relatórios do Secrim (Serviço de Criminalística) da própria PF, do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) -órgão do Ministério da Aeronáutica- e do IML de Suzano, que fez a autópsia do corpo de Moura.
Todas as provas que a PF diz ter contra Castro foram encontradas, segundo o delegado Pedro Sarzi Júnior, no apartamento do suspeito e em uma mala achada no avião.
Na mala, a PF encontrou um par de óculos e uma caixa de papelão com a inscrição "protótipo" datilografada. Nas buscas em seu apartamento, a polícia apreendeu uma máquina de escrever da marca Olivetti. Exames confirmaram que a inscrição "protótipo" foi escrita na máquina apreendida.
Além disso, a PF diz ter recolhido, por duas vezes, resíduos de substâncias químicas relacionadas com a bomba no interior do apartamento. As mesmas substâncias teriam sido encontradas na mala e na caixa de papelão.

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