São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Bolsa de Nova York sofre queda livre

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Bolsa de Valores de Nova York despencou ontem, provocando reação em cadeia nos principais mercados acionários, inclusive no Brasil. A forte queda dos índices é comparável aos piores desempenhos nos últimos anos.
O índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, caiu quase 250 pontos.
Em termos absolutos, foi o segundo maior tombo da história, ficando atrás apenas do "crash" registrado em 19 de outubro de 1987, que ficou conhecido como "black Monday" (segunda-feira negra). Nesse dia, a queda do Dow Jones havia sido de 508 pontos.
Em termos relativos, a queda -de 3,11%- foi a mais forte desde novembro de 1991. No conjunto, o desempenho da semana foi o pior desde outubro de 1990.
O que derrubou a Bolsa de Nova York foi a percepção do mercado de que os preços das ações estão num patamar mais elevado do que os resultados das companhias poderiam justificar.
A queda foi puxada pelo desempenho das ações de multinacionais, cujas perspectivas de lucros estão ficando aquém das expectativas. Encabeçam a lista de maiores desvalorizações papéis de empresas como a Gillette, Procter & Gamble e General Eletric.
A mudança de perspectiva dos resultados das empresas foi, segundo analistas, o pretexto que os investidores encontraram para vender ações, realizando lucros acumulados nos últimos meses.
Parte do dinheiro que saiu do mercado de ações foi canalizado para a renda fixa. Fundos de ações, que administram grandes patrimônios, passaram a comprar títulos de três meses do Tesouro norte-americano, o que pressionou os juros para cima. A principal referência dos juros, no entanto, permaneceu praticamente inalterada. Os títulos de 30 anos do Tesouro ficaram em 6,54% ao ano.
Na terça, os formuladores de política monetária do Fed, o banco central, estarão reunidos para discutir os juros. A expectativa é que a taxa seja mantida, já que não se acredita em pressão inflacionária.
Sem a ameaça de imediata alta nos juros, a queda da Bolsa pode significar o início de um realinhamento de preços, que cairiam para um patamar mais realista.
Nesse caso, a principal questão -saber qual seria o novo patamar após a correção- pode começar a ser respondida com a abertura do pregão na segunda-feira.
Os juros podem subir é na Alemanha, onde o Bundesbank, banco central, está preocupado com a fraqueza do marco diante do que está sendo chamado de superdólar. Rumores de que o governo alemão defenderia sua moeda fizeram o dólar cair para o ponto mais baixo das últimas três semanas.
A tendência de valorização do dólar em relação a moedas européias e do Oriente valoriza também o real, prejudicando ainda mais a competitividade das exportações naqueles mercados.

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