São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Moeda da Indonésia perde mais 4,5%

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A epidemia de colapsos cambiais no Sudeste Asiático continuou ontem, com uma desvalorização recorde da moeda da Indonésia, a rupia.
A moeda fechou a 2.765 rupias por dólar, uma perda de 4,5% com relação aos dias anteriores.
Segundo especialistas financeiros em Jacarta, capital do país, a crise representa um duro golpe na credibilidade do país que não será revertido no curto prazo.
A forte queda da rupia contaminou o peso filipino e levou mais instabilidade aos mercados da Malásia, Tailândia, Mianmar (antiga Birmânia) e até ao dólar de Hong Kong.
O governo indonésio e seu banco central abandonaram a defesa da moeda e decidiram permitir a sua desvalorização, que já chega a 15% desde o início da crise. Espera-se a formação de um novo gabinete pelo primeiro-ministro Chavalit Yongchaiyudh, para ganhar confiança.
Segundo a agência de notícias da Indonésia, Antara, o atual plano de desenvolvimento econômico do país exigiria US$ 315 bilhões de investimentos estrangeiros até 1999.
O dólar de Hong Kong também ficou sob pressão ontem. As grandes empresas entraram em pânico e compraram dólares temendo que a próxima onda de ataques especulativos atinja a moeda do território chinês.
A Autoridade Monetária de Hong Kong vem mantendo nos últimos anos uma paridade quase fixa de cerca de 7,8 dólares locais por dólar norte-americano.
Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) saudou a decisão do governo indonésio de liberar o mercado cambial, considerando que esta é uma "forma de apoiar o crescimento sustentável e a estabilidade financeira do país". Antes dessa decisão, o banco central da Indonésia gastou US$ 1,5 bilhão de suas reservas para defender a rupia.
O economista do Banco de Desenvolvimento Asiático, Dilip Das, declarou que as desvalorizações cambiais na região "são temporárias e efêmeras". Das explicou que essas mudanças decorrem da crise tailandesa, mas não irão muito longe.
Outra visão apresentou um banqueiro estrangeiro nas Filipinas, que pediu para não ser identificado. Ele acredita que o ajuste nas economias da região levará ainda entre 12 e 18 meses. A decisão da Indonésia mostra que o realinhamento cambial continuará.

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