São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Governo diminui o preço do Meridional

GUSTAVO PATÚ; CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Edital para venda do banco deve ser relançado até setembro com preço mínimo inferior ao fixado em 96

O governo pretende relançar até setembro o edital de privatização do Banco Meridional, com preço mínimo inferior aos R$ 296,8 milhões fixados no ano passado.
Depois do Banerj e do Credireal (MG), o Meridional, cujo controle é federal, é o próximo banco na lista das privatizações. O banco deverá ser vendido ainda neste ano, segundo a Folha apurou.
O Meridional foi retirado do cronograma do PND (Programa Nacional de Desestatização) em 29 de junho do ano passado, porque, entre outros motivos, seu preço mínimo de então foi considerado muito alto.
Além disso, políticos do Rio Grande do Sul, onde o banco tem sede, se opunham à privatização.
Com as primeiras vendas de bancos estatais em 97, o edital do Meridional voltou a ser preparado nos bastidores.
O novo preço mínimo ainda não está fechado, mas deverá ficar abaixo do patrimônio líquido -a diferença entre tudo o que o banco tem e tudo o que deve- contabilizado no balanço do primeiro semestre, ainda não publicado.
É que, segundo avaliações de especialistas, o banco tem problemas, como elevado passivo trabalhista e dificuldades para recuperar alguns empréstimos.
O BC tem informações de que bancos estrangeiros têm interesse no Meridional. Um deles é a Caixa Geral de Depósitos, principal instituição financeira de Portugal.
Segundo a política definida recentemente pelo BC, os estrangeiros interessados em participar da privatização terão preferência no momento de obter autorização para ingressar no mercado bancário brasileiro.
O Meridional nasceu da estatização de um prejuízo privado, o Sulbrasileiro. No final do regime militar, em fevereiro de 85, o banco quebrou, em um dos principais escândalos financeiros da época.
Depois de pressão política, por políticos gaúchos que queriam o banco operando no Estado, o governo Sarney (1985-1990) sancionou em maio daquele ano lei aprovada no Congresso tornando o banco federal.
Desde o governo Collor (1990-1992), o Meridional está incluído no programa de privatização, mas só no ano passado houve a primeira tentativa concreta de leiloar o banco.
Os demais bancos comerciais federais -Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste do Brasil- não estão incluídos no PND, embora a equipe do ministro da Fazenda, Pedro Malan, defenda a extinção das instituições financeiras estatais.

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