São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Rio paga mais para vender suas estatais

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O governo do Rio está pagando mais caro que o governo federal às consultorias que avaliam e organizam as privatizações.
Para empresas vendidas por valores iguais ou mesmo maiores, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor das privatizações federais, pagou menos para duas consultorias que o governo do Rio pagou para apenas uma.
A Light foi vendida pelo governo federal por US$ 2,36 bilhões. Os dois consórcios contratados para avaliar a empresa e modelar a venda receberam US$ 6,07 milhões pelos serviços (0,26% da venda).
O Rio obteve R$ 648,18 milhões com a venda das empresas CEG (Companhia Estadual de Gás) e Riogás, pagando ao consórcio liderado pela consultora Capitaltec R$ 7,49 milhões (1,15% do total).
Com a privatização da Copesul (Companhia Petroquímica do Sul), vendida por US$ 861,5 milhões, o BNDES gastou US$ 4,62 milhões (0,54% do total).
Para vender a Cerj (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro) por R$ 605,32 milhões, o governo do Rio pagou ao consórcio liderado pelo banco Garantia R$ 5,34 milhões (0,88% do total).
Banerj
O Banco Banerj S.A., parte boa do antigo Banco do Estado do Rio de Janeiro S.A., a outra empresa do Rio privatizada até agora, é um caso especial, que não pode ser comparado com os demais.
O Banco Bozano,Simonsen não apenas avaliou e fez sua modelagem de venda, mas geriu o banco estadual durante quase um ano e meio, até sua privatização.
Para isso, o Bozano recebeu R$ 51,5 milhões, equivalentes a 16,55% dos R$ 311,1 milhões arrecadados com a venda do Banerj.
Se for considerado que o Banco Itaú, comprador do Banerj, pagou todo o seu preço em títulos de privatização, as chamadas "moedas podres", que valem no mercado cerca de 50% do valor impresso nos papéis, enquanto o Bozano recebeu toda a sua parcela em dinheiro, o percentual do consultor sobe para 33,1% do total.
Para Fernando Cavalcanti, gerente da Secretaria Executiva do PED (Programa Estadual de Desestatização) do Rio, os honorários pagos pelo Estado estão "na média do mercado".
Cavalcanti disse que todas as contratações de consultorias pelo PED do Rio foram feitas por meio de licitações, cujos vencedores saíram da combinação de melhor projeto técnico com melhor preço.

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