São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Advogado nega ter contato com Maluf

'Não tenho nada com frango'

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado brasileiro Oscar Martin Renaux Niemeyer afirma que nunca teve contato pessoal com a família Lutfalla nem Paulo Maluf. "Não tenho nada com esse negócio de frango. Meu contato com Maluf foi na hora de votar para prefeito em 1992, quando votei nele."
Niemeyer, cuja saída da Rineos no Uruguai não consta de nenhum documento oficial, diz que o fato de ter assinado o documento de criação da Quimicorp (futura A D'Oro) não o liga aos Lutfalla.
"Isso era coisa do André (de Vivo, seu sócio até 1991), que é amigo do Caio Lutfalla. Eu apenas dei vistas ao processo porque o documento saiu do meu escritório", afirma Niemeyer.
Ele diz ter uma cópia da ata de 21 de junho de 1991, que o desligou da presidência da Rineos e empossou André de Vivo, embora não tenha conseguido localizá-la.
Questionado sobre o número de diretores presentes nessa reunião, ele desconversou alegando questões éticas. "Não sei. É uma sociedade anônima, e não posso falar de meus clientes", afirmou. A ata de fundação da Rineos, obtida pela Folha, mostra que a diretoria poderia ter entre um e sete membros.
Na sexta-feira, a reportagem procurou Oscar Niemeyer para questionar sobre sua permanência na Rineos apontada pelos registros uruguaios. Ele não ligou de volta até as 23h.
André de Vivo foi procurado pela Folha durante as duas últimas semanas. O advogado foi alertado na quinta-feira passada, por meio do amigo Caio Lutfalla, que seria objeto de reportagem. Sua secretária informou que ele não pôde ser localizado.
Para Caio Lutfalla, toda investigação sobre o Frangogate é resultado de uma perseguição política contra Paulo Maluf.
Ele admite que houve um "erro de estratégia" ao realizar negócios com a Prefeitura de São Paulo, mas defende a lisura do processo.
Lutfalla não sabe dizer quem são os donos da Inversora Rineos, apesar de ter recebido o cargo de diretor da Rineos Empreendimentos -a subsidiária brasileira da empresa uruguaia.
Segundo Lutfalla, a única informação que recebeu de André De Vivo é que os donos da Rineos fazem parte de um grupo de investidores uruguaios.
"Eles precisavam de uma assinatura para abrir novos negócios por aqui. Mas esses negócios ainda não prosperaram", diz Lutfalla.
O empresário também confirma que não houve retorno financeiro da A D'Oro para a Rineos uruguaia. Nos últimos sete anos, a Rineos investiu cerca de US$ 7 milhões na A D'Oro.
Lutfalla alega que o retorno obtido pela Rineos é o fato de a A D'Oro ter surgido em 1993 no ramo e, em menos de quatro anos, ser a 20ª do ranking nacional.
Fuad Lutfalla, seu pai, determinou que apenas Caio fale em nome da empresa.
Cunhado de Paulo Maluf, Fuad trouxe Nicéa Pitta para fazer um estágio na A D'Oro entre 1993 e 1994.
Segundo Caio Lutfalla, o estágio de Nicéia não foi remunerado e se restringia a visitar restaurantes, oferecendo frangos. Mulher de Celso Pitta (PPB), hoje ela é a primeira-dama paulistana.
(IG)

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