São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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De 91 a 96, preço na França subiu 96%

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O preço do cigarro na França aumentou 96% desde 1991. Desse ano até 1996, as vendas do produto caíram 11%, passando de cerca de 97 bilhões de unidades vendidas para 86 bilhões, aproximadamente.
Os números são do Centro de Documentação e Informação sobre o Tabaco. Segundo Jean-Paul Truchot, funcionário do centro, a queda nas vendas está diretamente relacionada ao aumento do preço.
No primeiro semestre deste ano, a queda foi de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em 96, a indústria do tabaco realizou negócios da ordem de US$ 30 bilhões no país. As campanhas de combate ao fumo têm um papel secundário para Truchot. "Fumar é quase uma questão cultural na França", disse.
Os investimentos em campanhas contra o fumo são pequenos em relação ao valor arrecadado pelo governo com a venda de cigarro.
Em 96, foram investidos aproximadamente US$ 350 milhões nas campanhas, contra uma arrecadação de impostos da ordem de US$ 9 bilhões. A taxação sobre o cigarro representa 76,7% do preço final.
Entre os 15 países-membros da União Européia, a França é o terceiro em consumo de cigarros, atrás apenas de Alemanha e Itália.
Apesar das evidências que apontam a queda do número de fumantes, o hábito é ainda muito comum no país. Os franceses ignoram a legislação que regulamenta o fumo.
Desde 1992, vigora na França uma lei que proíbe as pessoas de fumar em lugares públicos fechados ou onde não exista ventilação, como estações de metrô e de trem ou restaurantes. Apesar disso, é comum ver pessoas fumando nesses locais sem ser incomodadas.
"Acho que não cabe ao governo decidir se posso ou não fumar. Sou eu quem tem de escolher", disse o economista Antoine Séguin ao explicar por que estava fumando em uma estação de metrô em Paris.
Como ele, outras pessoas ouvidas pela Folha consideram o hábito de fumar um comportamento do âmbito privado. "O francês é muito individualista e, em certo sentido, egoísta. Ele não gosta que alguém lhe diga o que fazer", disse a psicóloga Annete Guidon.
Nos restaurantes, a separação em áreas para fumantes e não-fumantes existe, mas é raramente levada em consideração.
"Temos uma seção para não-fumantes, mas só a mostramos quando algum cliente pede", disse Serge Quentin, gerente do restaurante L'Olivier.
O restaurante não tem placas que indicam onde fica a área de não-fumantes.

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