São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Estudantes se sentem discriminados

DA REPORTAGEM LOCAL

A aluna de fonoaudiologia da Unifesp Ana Paula Gonçalves da Silva, 18, é uma exceção em sua faculdade.
Sempre estudou em escola pública, fez cursinho com bolsa de estudos, e seu pai não tem nível superior.
Ana Paula não poderia pagar por seu curso. Ela também é contra a cobrança dos alunos que podem pagar.
"Ia gerar mais discriminação na escola. Quem pagasse diria: 'Eu estou pagando para você estudar"', afirma.
Ana Paula diz que é discriminada na universidade por ter nível socioeconômico menor que o de seus colegas. "Isso acontece muitas vezes."
A aluna do segundo ano de enfermagem Alexandra de Souza, 24, também diz ser contrária à cobrança. Alexandra também não poderia pagar por seus estudos.
Ela diz que o fato de ter estudado em escola pública atrasou seus estudos.
"Sou mais velha que minhas colegas de classe porque tive de fazer vários anos de cursinho", diz.
Outro que não poderia bancar os estudos, o aluno de medicina Marcelo Eduardo Pedrosa diz acreditar que a universidade deve ser gratuita para todos.
"Nós já pagamos Imposto de Renda para bancar isso. Tem de ser igual para todos. Não é porque a pessoa pode pagar que ela tem de pagar", diz.
Pedrosa também diz acreditar que, caso o curso fosse cobrado de quem pode pagar, haveria mais preconceito.
"Já existe uma discriminação natural em relação às pessoas de menor poder aquisitivo. A cobrança pode gerar um problema social", afirma.

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