São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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'Plástica' no pênis deverá ser gratuita

FABIANA MELO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao contrário do que acontece hoje, os médicos não poderão mais cobrar qualquer valor dos pacientes pela realização de cirurgias para alongamento do pênis e neurotripsia, para correção da ejaculação precoce.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) decidiu, pela resolução 1.478/97, que essas cirurgias sejam praticadas somente em caráter experimental.
Essas operações deverão agora ser praticadas de acordo com as normas de pesquisa envolvendo seres humanos, estabelecidas pela resolução 196/96 do CNS (Conselho Nacional de Saúde). Os pacientes que resolverem se submeter a essas operações serão considerados "cobaias".
Cada cirurgia deverá ser protocolada e autorizada pelo CNS. Um Comitê de Ética em Pesquisa deve ser formado para acompanhar cada etapa do procedimento.
O paciente deve conceder uma permissão por escrito para que a cirurgia seja realizada e, em vez de pagar, deve receber uma indenização caso haja alguma sequela.
Os pacientes que sofreram esse tipo de procedimento antes do CFM emitir a resolução não têm direito a devolução do dinheiro.
O CFM decidiu regulamentar esse tipo de cirurgia após um debate com representantes da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). O médico Elson Roberto Faria, 38, explicou aos conselheiros que não existem estudos científicos sobre os benefícios que essas cirurgias possam trazer aos pacientes.
"A técnica de alongamento peniano para a melhoria do desempenho sexual não tem nenhum fundamento científico", afirmou.
O paciente que quiser aumentar o tamanho de seu órgão sexual (no máximo 1,5 cm em estado de repouso) pode sofrer o efeito reverso, uma retração por fibrose.
O presidente da SBU, Orlando Praun Jr., 54, disse que esse tratamento tem sido aceito nos Estados Unidos apenas com a finalidade de correção estética, apesar de ser praticado há aproximadamente sete anos no Brasil para a correção de disfunções sexuais.
"São os indivíduos que não se sentem à vontade com o tamanho de seu órgão sexual", afirmou.
A neurotripsia para a correção da ejaculação precoce vem sendo praticada no país há quatro anos. Não há dados sobre o número de cirurgias realizadas.
Praun Jr. afirma conhecer casos em que os pacientes sofrem mutilações, perdendo totalmente a sensibilidade do pênis.

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