São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997 |
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Indústria americana apela à exportação
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
Desde meados dos anos 70, quando foram obrigadas a colocar a advertência de que fumar é prejudicial à saúde nos maços e em suas campanhas publicitárias, as empresas de cigarro têm sofrido diversos ataques no país. Atualmente, por exemplo, é vedado fumar em edifícios comerciais. Em Nova York, é comum ver pessoas, durante o expediente, fumando do lado de fora do prédio em que trabalham, já que dentro é terminantemente proibido. Nos anos 80, a pressão contra a indústria aumentou. Uma série de processos de pessoas pedindo indenização por danos à saúde começou a invadir a Justiça dos EUA. Em junho passado, as companhias de cigarro, após terem admitido que a nicotina vicia, acabaram chegando a um acordo com 40 Estados norte-americanos, numa tentativa de evitar a via judicial. Pelo acerto, a indústria compromete-se a criar um fundo, nos próximos 25 anos, de US$ 368,5 bilhões, com o qual pagará despesas médicas de indivíduos com problemas de saúde causados pelo cigarro. Em troca, fumantes e seus parentes desistiriam das ações. Se nos Estados Unidos a pressão interna contra o cigarro é forte, o governo não mostra disposição política para coibir as exportações. Uma das razões é que as empresas do setor geram mais de 650 mil empregos diretos no país e pagam, de impostos, US$ 20,6 bilhões ao governo federal e aos Estados. Lobby Os parlamentares que defendem a indústria, cujo lobby no Congresso é considerado poderoso, lembram que a tradição norte-americana é de impedir ou dificultar a exportação quando a segurança nacional está em jogo, caso do comércio de armas, o que não se aplicaria ao cigarro. A esperança dos opositores da indústria, que pregam medidas contra a exportação do produto, é que, sendo considerado uma droga, como é o caso da cocaína ou da maconha, o governo tenha o direito de controlar sua venda e distribuição, evitando a comercialização com outros países. Mesmo neste caso, no entanto, um parlamentar favorável à indústria do cigarro que conversou com a Folha afirma que a oposição não teria como impedir a exportação do produto. Ele lembrou que a morfina, também considerada uma droga, é exportada pelo país. No Congresso, os Estados que mais lobby fazem em defesa do cigarro são os da Carolina do Sul e do Norte, Tennesse e Kentucky, grandes produtores de tabaco. Texto Anterior: Garçom é vítima dos fumantes, mostra estudo Próximo Texto: Médico pede prioridades Índice |
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