São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Novidades do Censo

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

Os números do Censo de 1996 divulgados pelo IBGE trazem novidades que vale a pena ressaltar. A constatação mais importante, já apontada pela imprensa, é a queda da taxa de crescimento populacional para 1,38% ao ano.
A queda da taxa de crescimento populacional foi mais rápida que a esperada até alguns anos atrás. Era comum projetar-se o crescimento da população brasileira para os anos 90 como algo em torno de 1,6% a 1,7% ao ano.
O crescimento menos rápido da população, além de aumentar a fração relativa de adultos, também significa que o crescimento da economia, com o passar dos anos, não poderá contar simplesmente com uma oferta crescente de mão-de-obra barata. Ou seja, aquela situação de aumento constante de mão-de-obra desqualificada, que inchava as cidades e ajudava a pressionar os salários de base para baixo, aos poucos está se alterando.
A menor taxa de crescimento da população pode permitir também um crescimento mais rápido da renda per capita. Por exemplo, se o país crescer 5% ao ano, a renda per capita aumenta 3,57% ao ano. Em dez anos, essa renda terá crescido 42%. Se a economia crescer a 6%, em dez anos a renda per capita aumenta 56%.
Crescer a 5% ou 6% ao ano não é um desafio estrutural intransponível para a economia brasileira. Nossa economia criou instituições sócio-econômicos capazes de gerar esse crescimento; no presente, ele só não é maior devido ao quadro macroeconômico.
O Censo mostra também que as regiões Norte e Centro-Oeste continuam a ganhar população. Em 1980, a região Norte tinha 4,35% da população do país; em 1991, esse percentual havia crescido para 6,83% e chegou em 7,19% em 1996. No Centro-Oeste os números passaram de 5,71% em 1980 para 6,08% em 1991 e 6,69% em 1996.
Juntas, essas duas regiões ganharam quase 10 milhões de habitantes a mais em 16 anos, aumentando em 3,8 pontos percentuais sua fração no total da população. No entanto, elas representam quase 64% do território nacional e ainda têm baixa densidade populacional.
Os Estados que mais cresceram foram Rondônia, Pará, Amapá, Mato Grosso e Distrito Federal. Em termos relativos, as regiões Nordeste, Sul e Sudeste perderam 1,6, 1,0 e 0,8 pontos percentuais naquela distribuição.
Embora o mapa populacional esteja mudando, não são mudanças dramáticas nas regiões já ocupadas, mas principalmente um crescimento mais rápido do Centro e Norte.
Essas informações a respeito da população apontam na mesma direção que outras pesquisas sobre o deslocamento espacial da atividade econômica. Há um processo de interiorização da fronteira econômica, evidente pelos números populacionais. Definitivamente, o Brasil não é mais aquele país comparado a um "caranguejo" a se arrastar pela costa oceânica.

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