São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997 |
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Regentes orquestram novos trabalhos
DANIEL DE CASTRO
Mas, ao contrário do que se imagina, esse profissional não tem seu campo limitado somente ao comando das grandes orquestras. No Brasil, o aumento na produção de filmes, comerciais e novelas, além da criação de inúmeros corais, tem sido responsável pelo surgimento de novos postos para aqueles que entram no mercado. Oswaldo Fagnani, 40, é um exemplo disso. Atualmente, ele trabalha para a produtora de som Corda Toda e, além de fazer as vezes como regente, cria peças para publicidade e cuida dos arranjos. "Em estúdio, o esquema é diferente. Hoje em dia, o regente trabalha com cada instrumento separado. Depois, com a ajuda do computador, junta tudo", explica. Com isso, o maestro (palavra italiana que significa mestre) foge um pouco do estereótipo de "caras, bocas e gestos exagerados". "O trabalho não envolve a parte visual. É feito com metrômetro (aparelho que marca o tempo da música), o que substitui a função da mão direita utilizada nas regências convencionais", acrescenta. Segundo ele, o regente fica apenas encarregado de extrair a interpretação correta da música e passá-la ao instrumentista. Como um gerente Para o maestro titular da Orquestra Sinfônica de Campinas, Benito Juarez, essa profissão tem uma relação muito grande com a de gerente de uma empresa. "Como regente, você lida com questões de produtividade. A orquestra é uma usina de música e, por isso, é preciso desenvolver aspectos como liderança, dinamismo e disciplina", afirma. Além disso, ele diz que é preciso ser apaixonado pela música e não ter preconceitos. "Quanto maior a atenção dedicada à arte, mais ampla fica a sua sensibilidade." Ainda metafórico, Juarez, que faz uma média de cem apresentações por ano com a orquestra campineira, não hesita em comparar o regente a um piloto de avião. "Uma vez, fiz um show com Gilberto Gil, e ele me confirmou uma coisa que já sabia: 'Benito, a orquestra é realmente um Boeing, mas sem piloto automático'." O profissional, para ser reconhecido como regente, precisa ter formação em nível superior: música, com especialização em regência. Também é necessária uma habilitação da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). "Sem ela, é como saber dirigir e não estar com os documentos em dia", afirma Gilberto Galhardi, vice-presidente da OMB. Texto Anterior: Clareza e organização atraem selecionador Próximo Texto: Maestro virtual organiza sons Índice |
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