São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Dança dos técnicos colhe torcedor de surpresa

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Foi tudo muito rápido: Nelsinho caiu no Parque e emergiu na Toca da Raposa, abandonada por Paulo Autuori, que desembarcou em Madri para festejar uma vitória surpreendente do Fla sobre o grande Real, outro time, pelo visto, depois da saída de Fabio Capello.
Imediatamente, o Corinthians se recompôs com Joel Santana, campeoníssimo carioca, com títulos colhidos em seguida das Laranjeiras a General Severiano, passando por São Januário e Gávea.
É o que a crônica esportiva resolveu há tempos denominar de dança dos técnicos, um movimento circular que muitas vezes acaba colhendo o torcedor de surpresa.
No caso de Nelsinho, apesar da decisão abrupta, era algo que pairava no ar há tempos. A bem da verdade, desde a entrada do Excel no Parque São Jorge, em pleno Paulista. Pode-se dizer que era uma questão de incompatibilidade de gênios, agravada por interesses contrariados.
Afinal, o patrocinador investiu muito em Túlio para vê-lo desvalorizando no outro banco -o de reservas-, por capricho do treinador.
Já na conquista do título paulista esperava-se a saída de Nelsinho, que só agora se materializou por força da aparente mudança de política do patrocinador, que, ao contrário de investir na aquisição de reforços de alto nível, está se desfazendo das estrelas capturadas no início da gestão: já se foram Túlio, Marcelinho e agora é André que vai.
E essa foi a gota d'água. Afinal, só quando pôde contar com André na lateral, passando Silvinho para o meio-campo, Nelsinho conseguiu dar qualidade e força ofensiva ao seu time, a partir da saída de bola lá detrás. André, porém, depois do gol do título, baixou enfermaria e só agora estava conseguindo voltar a campo. Já sem Marcelinho e, agora, também sem André, Nelsinho jogou a toalha.
Resta saber se, com Joel, reverte-se não só a situação do time, mas também a postura do patrocinador.
*
Outra surpresa: a rápida passagem de Rivaldo do La Coruña para o Barcelona, na mais cara transação da Espanha. Na mosca, pois Rivaldo está jogando o fino, como pudemos ver na transmissão pela TV do jogo contra o Vasco, quando meteu dois gols e fez uma série de brilhantes jogadas.
E é aqui que está a grande diferença entre o que o Barça havia proposto ao São Paulo e o que se concretizou com o La Coruña. Embora Denílson seja muito mais jovem, veloz e habilidoso, não tem a marca de goleador que acompanha Rivaldo desde o berço.
Além do mais, o Barcelona manteve em suas fileiras Giovanni, o que significa, no mínimo, a economia de US$ 10 milhões. E, no máximo, seu aproveitamento ao lado de Rivaldo e de Ânderson, o que iria conferir ao seu meio-campo e ao seu ataque não só força, mas, sobretudo, habilidade, classe e inteligência.
Se o novo técnico do Barça, Van Gaal, for mesmo o amante da bola que suspeito ser por sua atuação à frente do Ajax, ele estará não só recolocando o seu time na linha de frente do futebol espanhol como dando a Zagallo, aqui, uma dica preciosíssima.

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