São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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A voz do povo

RODRIGO BUENO

Nem sempre os seculares ditados representam a mais pura verdade. Se fosse assim, a voz de João Havelange, que preside a entidade máxima do futebol mundial, teria que ser a voz do povo. E, dessa forma, uma multidão estaria colocando em risco a participação do Brasil na Copa da França, em 98.
Mas isso está muito longe de acontecer. Não digo pelos brasileiros, mas pelos estrangeiros, especialmente os franceses, anfitriões do evento.
Enquanto no Brasil acontece uma intensa briga política (razão pela qual Havelange ameaçou barrar a seleção), a França se veste de verde e amarelo.
A venda de produtos oficiais da Copa-98 não é animadora.
O uniforme do Brasil, no entanto, é algo comum nas ruas de Paris.
Motivados pela "onda Ronaldinho", os torcedores exibem com orgulho a farda da seleção, demonstrando grande expectativa em assistir no ano que vem o time brasileiro. Além dos franceses, espanhóis e italianos, que respectivamente viram e estão vendo de perto o centroavante, comandam a caça às camisas do Brasil.
Havelange pode banir da Copa simplesmente a seleção e o jogador que sua entidade apontou como "melhor do planeta".
O Brasil lidera o ranking da Fifa há anos, e Ronaldinho foi eleito o melhor atleta do mundo. Porém não goza de apoio popular para isso.
Mas, já que o presidente da Fifa tem mais poderes que qualquer ditador, alguns imaginam como será a Copa-98 sem o Brasil.
Qual seria a seleção substituta? Possivelmente a quinta equipe mais bem pontuada nas eliminatórias sul-americanas. Que time atuaria no jogo de abertura? Talvez a Itália, vice-campeã mundial, ou a França, dona da casa. O que aconteceria com os torcedores que já têm ingressos para os jogos do Brasil? Certamente iriam ver jogos que não queriam.

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