São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Tatiane, 11, é campeã adulta em 1 minuto

LUÍS CURRO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Na minha sala disseram que fui até lá para falsificar dólares."
Com essa frase, Tatiane Camargo, 11 anos, resumiu a reação de seus colegas de escola ao saber que ela esteve na Alemanha, defendeu a Lusa no Mundial interclubes e voltou com o título.
Tatiane e a irmã, Viviane, 12, são as duas mais jovens jogadoras a fazer parte de uma equipe campeã mundial, na categoria adulto, de hóquei sobre patins.
A Lusa levantou o troféu há duas semanas, na cidade de Springe (Alemanha), com uma campanha de dez vitórias em dez partidas.
A defensora Tatiane jogou só um minuto em todo o campeonato.
A atacante Viviane conseguiu mais tempo: esteve na quadra por um total de 20 minutos, todos eles na histórica goleada contra o Andorra, da Espanha, por 33 a 0. "Consegui marcar dois gols", lembra ela.
O hóquei sobre patins consiste em conduzir uma pequena bola de borracha com um stick (taco de madeira) e atirá-la para dentro da meta adversária.
Mesmo jogando pouco, as duas consideraram a "aventura" válida, pois ganharam experiência internacional. "E é bom jogar com meninas mais experientes. A gente aprende muito mais", diz Viviane.
Ela e Tatiane nunca tinham viajado ao exterior, -são de família simples, de classe média (o pai é chefe de manutenção do Metrô e a mãe, dona-de-casa), moram no bairro de Pirituba e estudam em um colégio do Estado.
Indicação
As duas começaram a jogar na Lusa em setembro do ano passado, por indicação do treinador da equipe, o pernambucano Antônio Martins Albuquerque, 53.
Ele viu treinos das atletas no Palmeiras e, após conversar com o pai delas, as convenceu a mudar de clube. "Sabia que elas tinham um grande potencial", afirma Martins, um ex-jogador de hóquei.
O treinador, pai de Patrícia Martins, 20, artilheira do Mundial de clubes, com o recorde de 50 gols -considerada a atual melhor jogadora do mundo-, diz que decidiu levar Tatiane e Viviane ao Mundial da Alemanha pelo "futuro do hóquei" brasileiro.
"Vi nos treinos que elas estavam aguentando o ritmo das maiores e resolvi investir", conta Martins. "Daqui a cinco, seis anos, a Lusa não será apenas uma participante em campeonatos. Essas meninas substituirão as atuais titulares. E serão de novo campeãs."
A Lusa, que fundou seu hóquei feminino em dezembro de 95, é a atual campeã brasileira, paulista e sul-americana, e não perdeu nenhum jogo até hoje.

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