São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Mutuários podem renegociar dívida

DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de amanhã, os mutuários da Carteira Hipotecária da Caixa Econômica Federal (CEF) poderão renegociar o financiamento ou quitar sua dívida com até 25% de desconto.
Com essa medida, a CEF tenta sanear uma carteira pequena (são apenas 12.121 mutuários de um total de 1,2 milhão no país), mas problemática -o saldo devedor chega a R$ 800 milhões, e a inadimplência, em São Paulo, é de 32%.
Os inadimplentes poderão quitar a dívida sem incidência de multa e juros. Aqueles que renegociarem seus atrasados poderão mudar o sistema de amortização -tabela Price atual pelo Sacre.
Para os inadimplentes, as prestações atrasadas serão incorporadas ao saldo devedor para o recálculo da dívida. No caso de renegociação do financiamento, o valor da prestação poderá ser reduzido, e o prazo de pagamento, ampliado para até 20 anos.
O número de meses a mais na renegociação dependerá da capacidade de pagamento do mutuário. A validade da hipoteca deverá ser fixada em 30 anos.
Isso significa que, um contrato (vigente) de dez anos, por exemplo, poderá ser estendido por, no máximo, mais 20 anos. Outro detalhe é que o mutuário não poderá ter mais de 80 anos no período de validade do contrato.
Sistemas
A mudança de sistema de amortização vai impedir o reajuste trimestral das prestação e passará a ser anual. O Sacre prevê reajustes das prestações com base no aumento salarial do mutuário, o que não acontece na tabela Price.
Pelo Sacre, um saldo devedor de R$ 75,5 mil, com prazo para pagamento de 130 meses e juro de 12% ao ano, tem uma prestação inicial de R$ 1.336. No final do financiamento a prestação estaria em R$ 1.421 (valores de hoje) -sem sobra de resíduo.
Pela Price, a prestação inicial é um pouco menor, R$ 1.041, mas a final seria de R$ 2.649.
Reajuste
O reajuste trimestral foi o grande causador da elevada inadimplência na carteira. Com essa correção, dificilmente os salários conseguiam acompanhar os reajustes.
O caso do economista Orlando Zainaghi Júnior, 35, é ilustrativo: ao firmar o contrato, em novembro de 1992, a prestação correspondia a 22% do salário. A última prestação que pagou, há seis meses, representava 50% (veja texto abaixo).
Carta
A partir de amanhã, a CEF deverá começar a enviar correspondência aos mutuários. Aqueles que desejarem renegociar seus contratos deverão comparecer à agência onde o contrato de financiamento foi firmado.

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