São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Britânicos estudam 'empresa social'

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Será inaugurada em janeiro em Londres uma escola para "empresários" que consigam unir boas intenções e competência administrativa.
A Escola para Empreendedores Sociais de Londres começa no mês que vem a aceitar candidatos para apenas 20 vagas. Para estudar no local, são exigidos "visão altruísta, entusiasmo e iniciativa".
A instituição pretende suprir o novo mercado que surge no Reino Unido com a terceirização de serviços de assistência social, antes responsabilidade direta do Estado.
"Os impostos vão baixar, gastos públicos serão menores. A maior parte do trabalho de assistência social passará a ser feito por organizações voluntárias", diz Michael Stockley, diretor da escola.
Stockley começou trabalhando no mercado financeiro de Londres e, até recentemente, era diretor do departamento internacional da gravadora EMI.
Para financiar o seu trabalho, as organizações voluntárias terão de contar com fundos de entidades privadas.
Para recebê-los, é necessário provar competência para gerenciá-los de forma adequada. Daí, a necessidade de uma escola.
A instituição parte do princípio de que, para colocar em prática a inovação exigida pelo trabalho voluntário, as organizações precisam de pelo menos a mesma capacidade presente no setor privado. Em suma, é preciso habilidade administrativa para "colocar boas intenções em prática".
Stockley foi convidado a dirigir a escola por Michael Young, criador de inúmeros projetos sociais, como a Universidade Aberta, a Associação Nacional de Consumidores e um serviço gratuito de intérpretes por telefone.
O curso de um ano custa US$ 18 mil, e a escola já recebeu centenas de cartas desde que a iniciativa começou a ser divulgada pela mídia britânica, há uma semana.
Depois de concluído o período de aulas, cada estudante fará um estágio de nove meses em uma instituição sem fins lucrativos.
Durante esse período, os alunos poderão consultar um orientador da escola e trocarão experiências entre si pela Internet (rede mundial de computadores).
Para estudar na escola, os interessados vão passar por um processo de seleção. James Smith, coordenador de seleção, diz que não é necessário nenhuma formação educacional prévia.
"Estamos procurando pessoas altruístas e que queiram fazer algo pelo bem comum", afirma ele.
Para ele, bons candidatos podem ser encontrados entre pessoas dispostas a abandonar o setor empresarial por uma boa causa.
Segundo ele, os salários pagos a quem dirige entidades voluntárias não se comparam aos do setor privado, mas estão melhorando.
Um dos motivos é a necessidade de competir com empresas privadas por contratos do setor público.

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