São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Mídia radical

JONI ANDERSON

Depois do sucesso das primeiras publicações voltadas exclusivamente para o leitor negro, o mercado editorial brasileiro começa a viver uma segunda fase. Não só começaram a pipocar novos veículos, como surgiram alguns mais radicais que apostam em uma segmentação ainda mais específica, como as revistas "Black Love" e "Raízes".
Publicada mensalmente pela Sétima Editora, a "Black Love" é a primeira publicação erótica que centraliza o foco em um elenco pornô de negras e negros.
Cada edição vem com uma fita de vídeo de uma hora de duração, com cenas de sexo inter-racial ou somente entre negros. Uma forma de despertar a curiosidade para a tão badalada performance sexual da ração? "Não. Se a exploração sexual existe, ela acontece da mesma forma que ocorre com os brancos. O fato é que existe um mercado erótico aberto para outras etnias", diz Renata Camargo, 23, assessora internacional da Sétima Editora.
A "Black Love", entretanto, não produz filmes. Todos são comprados no estrangeiro e editados no Brasil.
Já a segmentação que prega a revista "Raízes" está diretamente relacionada com a qualidade de vida do negro e suas referências estético-político-sociais.
A revista aborda temas comportamentais, política, culinária, arte etc. A diferença, segundo seu diretor-geral, Robson Salles, está no fato de que "questiona a posição e os problemas do negro por negros, não joga talco". Na "Raízes", não há colaboradores que não sejam negros. Discriminação? "Não é um momento radical, mas é preciso ter compromisso com a comunidade e um aprofundamento crítico. Dou preferência para negros porque valorizo e crio oportunidades para esses profissionais", diz Salles.

ONDE ENCONTRAR "Black Love": R$ 9,90, nas bancas com a nº 3, com fita de vídeo. Informações: 536-9366. "Raízes": R$ 3,50, nas bancas com o nº 1. Informações: 223-7847.

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