São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
Próximo Texto | Índice

Manobrista fatura 30% mais em 97

"Valet service" cresce em grandes cidades

CLEBER MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Procurar uma vaga para estacionar na rua -perto de bares, casas noturnas e restaurantes- é uma cena cada vez menos comum.
As empresas de manobristas terceirizados se espalham pelas cidades e contabilizam um crescimento de até 30% na procura pelo serviço, chamado "valet service".
Hoje, elas já somam mais de 450, somente na cidade de São Paulo, segundo a inspetoria da SDE (Secretaria de Direito Econômico).
"Donos de bares, restaurantes e bufês perceberam a importância de facilitar a vida dos clientes, oferecendo um serviço de manobrista na porta", diz Giovani Paixão Souza, 28, sócio da Cia. Valet.
A empresa, que tem 28 funcionários, está faturando, neste ano, 30% a mais do que em 96, segundo ele. Os pedidos para eventos avulsos também têm aumentado.
São inaugurações de lojas, escritórios, promoções de concessionárias e construtoras, além de festas promovidas por particulares.
"Atendemos, em média, quatro desses eventos por semana", diz Souza, que tem entre seus principais clientes o restaurante Mastroianni e o bar Lanterna, ambos na Vila Madalena (zona sudoeste).
A explicação dos empresários para o fenômeno são os atrativos da comodidade e da segurança.
"Além disso, a alta do poder aquisitivo elevou o movimento em restaurantes e festas", avalia Dalmo César Fierz, 30, gerente da Park B, que atende a choperia Dado Bier (Itaim Bibi) e o restaurante The Place (Jardins), ambos na região sudoeste de São Paulo, uma das áreas com maior índice demográfico de "valets".
Segundo ele, os preços -geralmente mais altos que os dos estacionamentos comuns- não impedem o crescimento do setor.
A maioria dos estabelecimentos paga em torno de 30% do custo total do serviço. Os clientes desembolsam entre R$ 5 e R$ 10.
O preço para festas em casas ou eventos de empresas varia de acordo com o número previsto de veículos, o horário e a localização.
Para atender aos eventos, as empresas de "valet" precisam alugar áreas próximas, como estacionamentos e postos de combustíveis.
"Nesses casos, o preço fica em R$ 6 por carro, em média", diz Oscar Ferrão Filho, 48, sócio da Street Parking, que tem convênio com uma rede de 40 estacionamentos.
Irregulares
Apesar disso, muitas empresas deixam os carros dos clientes nas ruas, onde um possível prejuízo normalmente não é coberto pelos seguros para "valet" (leia abaixo).
"Esse problema ocorre principalmente com empresas irregulares, que não têm capital para pagar os danos", afirma Paulo Cremonesi, inspetor regional da SDE. Segundo ele, os serviços não-regularizados representam 90% do total.
A Folha apurou que o órgão, juntamente com a Prefeitura de São Paulo, já planeja montar uma operação para "apertar" a fiscalização nos "valet services".
Entre as reclamações recebidas pela SDE contra as empresas também estão as multas recebidas pelos donos por estacionamento em local proibido e a evasão fiscal.
"O setor é promissor, com altas de 25% no faturamento, mas está crescendo incorretamente", diz Paulo Frascino, 42, presidente do Sindepark (sindicato de garagens e estacionamentos, que reúne apenas dez empresas).
Segundo ele, a atuação de equipes improvisadas e irregulares pode trazer riscos para a imagem do setor e para os estabelecimentos que as contratam. "Os consumidores e os donos de restaurantes devem ficar atentos a empresas que não estão aptas a operar."

Próximo Texto: Segurança do veículo é fator importante
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.